A riqueza da língua portuguesa permite sua adaptação às novas tecnologias e também incorporar outras expressões populares. Assim surgem palavras e expressões, mas infelizmente outras desaparecem ou raramente voltamos a ouvi-las.
Em Várzea Alegre, sertão cearense, por muitos anos Antônio Ulisses trabalhou como secretário e motorista particular do seu avô materno, o usineiro de algodão Dirceu de Carvalho Pimpim. Por sua atenção, compromisso e paciência o jovem neto logo adquiriu a confiança do Coronel Dirceu.
O usineiro controlava com rigor os seus variados negócios na região caririense. Bastava um pequeno atraso no pagamento e cumpria a Antônio Ulisses a complicada missão de cobrar os devedores do Coronel. Na década de setenta, todo sábado, dia de feira, quando os moradores da zona rural faziam suas vendas e compras na sede do município, cabia ao secretário procurar os inadimplentes pela cidade .
Antônio Ulisses saía pela cidade, entrava no mercado velho, passava pelos bares e bodegas, encontrava e conversava com os devedores mas não transmitia os antipáticos recados de cobrança. Entendia as dificuldades dos agricultores e sabia que logo que possível honrariam seus compromissos.
Depois de várias horas, quando o secretário voltava ao escritório da Rua dos Perus, o avô, de pouco estudo e expressões próprias do seu tempo, para saber se o neto encontrara os devedores, logo indagava:
- E aí, Antônio Ulisses, deu cuns hômi?
Colaboração: Liduina Maria de Carvalho Primo
(imagem Google)