segunda-feira, 24 de julho de 2023

984 - II TRILHA CICLOTURISTICA DO MARAJÓ



Em um inesquecível final de semana visitamos uma das regiões mais bonitas da nossa Amazônia, a paraense Ilha do Marajó, lembrada especialmente pelo gigantesco rebanho de búfalos e pelas obras em cerâmica.

Com um grupo de alegres e dispostos ciclistas do Amapá, nos municípios marajoaras de Soure e Salvaterra, conhecemos lugares especiais, como as paradisíacas praias de Pesqueiro, Barra Velha, Joanes e Água Boa.

Mas o ápice de nossa prazerosa aventura se deu com participação, em Soure, conhecida como Capital do Marajó, na animada II Trilha Cicloturística do Marajó, que contou com centenas de amantes da bicicleta vindos de várias partes do país.

Habitada inicialmente pelos índios maruanazes, a região ainda mantém uma rotina pacata e tranquila, modificada apenas pelo fluxo de turistas curiosos por conhecer as maravilhas do arquipélago banhado pelos  rios Amazonas e Tocantins e pelo oceano Atlântico. Nessa rota, obrigatório saborear o delicioso queijo de leite búfala e a exótica iguaria local, o turu, molusco afrodisíaco da Amazônia.

Os incontáveis atrativos naturais do Marajó se multiplicam e se fortalecem com a hospitalidade de seu povo, que recebe os visitantes sem economia de carinho e atenção.

Mais uma vez a bicicleta nos levou para longe, para um mundo de fantasia de todos nós ciclistas, deixando um forte desejo de que logo voltaremos para explorar e conhecer outras trilhas da encantada Marajó e da fabulosa Amazônia.

(imagem Google)

domingo, 2 de julho de 2023

983 - O RESGATE DA ASSESSORA


Ontem, participei de um maravilhoso encontro da primeira turma de delegados e delegadas de polícia civil do Estado do Amapá. Ingressamos na carreira em 1992 e nos reunimos para comemorar a linda e produtiva trajetória daquela inesquecível turma.

Em um aprazível sábado, reforçamos amizades de décadas, comemos, bebemos, nos abraçamos, e relembramos muitas e boas histórias compartilhadas nessas mais de três décadas de saudável convivência.

Do meio para o final da festa, vencendo a timidez e o receio, decidi prestar meu inconfessável depoimento. Comecei registrando que, embora marcante e fundamental para a minha vida, fui o delegado de polícia de menor carreira no país, quiçá até do mundo, pois, sem contar o período de academia, permaneci no quadro por apenas trinta e oito dias. Lembrei ainda que, não bastasse o pouquíssimo tempo de atividade, a minha única e relevante diligência externa foi resgatar uma jovem perdida pelas ruas de Macapá.

Eu estava na delegacia em um final de tarde quando um telefonema movimentou o nosso monótono plantão. Um diligente sargento da polícia militar informou que uma moça chorava copiosamente à beira da calçada da Avenida Padre Julio, no centro da cidade, e que a única informação que conseguia  balbuciar é que conhecia o delegado plantonista.

Sem maiores delongas cuidei logo em acionar minha pequena mas valorosa equipe e entramos rapidamente na pouco acessível viatura Toyota Bandeirantes, com cabine dupla e apenas duas portas. Antes, por cautela e segurança , coloquei no cós da calça a arma da delegacia, um revólver, calibre 38, cujo cano longo humilhava o meu.

Ao chegar ao local da ocorrência me deparei com a cena do crime devidamente isolada. Para minha surpresa, a desesperada jovem, rodeada por curiosos,  tratava-se da minha querida amiga e conterrânea Maria Lourdes. Recém chegada do interior do Ceará, Lourdinha, como carinhosamente chamada, desempenhava a função de competente assessora jurídica na Assembleia Legislativa do Estado. 

Logo me inteirei completamente e registrei em relatório os motivos daquela situação que movimentou o plantão policial da à época pacata capital do Amapá. Após o expediente, Lourdinha costumava sair pela porta principal da casa de leis, caminhando poucas quadras pela Avenida FAB até à  Rua Tiradentes, onde morava. Mas, naquela fatídica tarde, a assessora jurídica cometeu o grave erro de sair pela porta dos fundos da assembleia.

Após caminhar algumas quadras, a jovem cearense perdeu o senso de localização e se desesperou, caindo em prantos. Ainda bem que foi acolhida por populares, protegida por militares e resgatada a tempo por minha valorosa equipe de plantão. 

Com a situação completamente esclarecida, com luzes intermitentes e sirenes da viatura ligadas, rumamos para a Rua Tiradentes, a apenas duas quadras de distância do local do crime, onde, em sua casa, deixamos,  protegida e amparada, a localizada e salva assessora Maria de Lourdes. 

(imagem Google)

quarta-feira, 31 de maio de 2023

982 - ENCONTRO DA FOTO CENTENÁRIA



Há algum tempo me encanto com fotografias antigas, sobretudo de nosso berço, Várzea Alegre, município localizado no árido sertão cearense. A prazerosa atividade desenvolvida na última década, de fotografar especialmente eventos esportivos, culturais e familiares, aguçou ainda mais minha curiosidade sobre esses registros históricos

Nos meus devaneios, pensei inicialmente em contar a história dos fotógrafos da nossa terra natal, figuras tão importantes na eternização das nossas lembranças, mas que, na maioria dos retratos, são esquecidas ou raramente identificadas.

E logo percebi que pouco se registrou em fotografia a Várzea Alegre de cem anos atrás. Mesmo assim, revirando os álbuns e as memórias da nossa família, chamou-me atenção a memorável fotografia batida no sítio Mocotó, tão fielmente descrita no livro de memórias de dona Balbina Diniz, de autoria de Maria Eunice. Ali, no início da década de 1920, a família de André José Duarte e Balbina(Dondon) Raulina do Sacramento se reuniu para um raro registro fotográfico. Diferente de hoje, quando os meios digitais permitem incontáveis cliques, naquele dia comumente ensolarado do interior nordestino, apenas uma foto congelou para sempre a primeira imagem de uma numerosa família.

Claramente se tratou de um momento que mudou a rotina daqueles bravos sertanejos. Homens, mulheres, jovens e crianças se prepararam caprichosamente e posaram para um desconhecido fotógrafo. Sabe-se apenas que um japonês registrou a pose formal da família de Papai André e Mãe Dondon. Mais uma vez o nome do profissional sumiu por trás da antiga câmera utilizada para o caprichado registro.

E, das conversas produtivas com os parentes e da busca por fotos antigas e seus autores, surgiu a feliz ideia de, em plena Festa Agosto, neste ano de 2023, em Várzea Alegre, reunir os incontáveis descendentes de Papai André e Mãe Dondon, para celebrar o Centenário do precioso registro de nossa família.

São muitos os motivos para nos reencontrar em um afetuoso congraçamento que realçará a heróica luta de nossos antepassados, reconhecendo, ainda, a importância da fotografia na consolidação de nossa memória histórica e afetiva.

Naquele dia, em apenas um clique, o desconhecido oriental eternizou a origem de uma grandiosa descendência de Mãe Dondon e Papai André, que se espalhou pelo mundo, levando consigo os significativos valores de seus antepassados, que norteiam a vida de todos nos.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

981 - 3º PEDAL NO AFUÁ



Neste janeiro de 2023, a Urbe, tradicional equipe macapaense de ciclismo, levou pela terceira vez cicloturistas do Amapá ao município do Afuá-PA.

Saindo de Macapá, após uma tranquila viagem de navio por quatro horas pelas águas do delta do Rio Amazonas, ansiosos, os vinte ciclistas amapaenses desembarcaram com suas bicicletas na acolhedora e singular cidade do arquipélago do Marajó.

Lembrando a italiana Veneza, vários canais cortam a cidade paraense. Os simpáticos moradores constroem suas casas suspensas sobre palafitas, modelo de edificação que permite a movimentação das marés. A população circula sobre pontes, em sua maioria construídas em madeira.

No primeiro dia de viagem, em um lindo final de tarde, após pedalar cerca dez quilômetros por várias vias da cidade, nosso grupo parou em um quiosque na beira do rio para repor as energias gastas no passeio. Vestidos com os azulados uniformes da equipe Urbe, munidos com capacetes e luzes de sinalização, os ciclistas do Amapá chamaram a atenção de todos, tanto que  João Marcelo, um verdureiro afuaense de 77 anos,  aproximou-se e pediu autorização para fazer uma fotografia conosco.

Após o registro, eu apresentei uma indagação comumente direcionada aos que se interessam pela nossa atividade:

- Seu João, me diga uma coisa: O senhor também pedala??

Imediatamente eu me toquei da minha absurda fala e retirei a idiota pergunta. Afinal, desde tenra idade, mulheres e homens, policiais e bombeiros, taxistas e passageiros, ricos e pobres, todos os moradores do Afuá pedalam, pois a bicicleta é o único meio de transporte daquela pacata cidade paraense. Lei municipal proíbe veículos automotores circulando sobre as dezenas de quilômetros de pontes da cidade. 

Assim, em vez das tradicionais gôndolas da Veneza Italiana ou dos carros e motos que circulam loucamente na maioria das cidades, para nosso deleite, são as bicicletas que completam a bela e indecifrável paisagem da Veneza Marajoara.


(imagem Google)