domingo, 31 de maio de 2009

41 - SEU LUNGA VARZEALEGRENSE





             Desconheço a razão. Mas quando joguei no time de futebol infantil de “Zé Taíde” as bolas constantemente furavam. Por isso, no meio do treinamento, várias vezes fui com outros pequenos atletas levar as bolas murchas para Mundin remendar. O artífice era um dos primeiros moradores de uma área da cidade que hoje abriga o populoso bairro Varjota.

            Sempre mal humorado, Mundin da Varjota recebia em sua casa aquele grupo de garotos barulhentos. Porém, mesmo carrancudo, nos atendia com presteza, rapidamente costurando as sofridas bolas de couro. Permitia, assim, a continuidade das prazerosas partidas de futebol na quadra da Escola Municipal Presidente Castelo Branco.

           Aquela cara amarrada e seu comportamento estressado tinham lá seus motivos. Na delicadeza e cortesia, ou na sua falta, Mundin empatava com Seu Lunga, o famoso Juazeirense. Contam, em Várzea Alegre, que, certa noite, quando já deitado, Mundin foi acordado por sua esposa Cecília, que, sentido fortes dores no abdômen, reclamou:

          - Mundin, tá me dando uma coisa.
 
          - Se tão dando, receba – respondeu secamente o marido.

         - Mas é coisa ruim – insistiu a esposa Cecília.

         - Então não queira muié – gritou Mundin, cobrindo o rosto com um lençol de saco de açúcar.


(imagem Google)

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