Não é à toa que um grande número de pessoas receia viajar de avião. Embora o invento do brasileiro Santos Dumont seja um dos meios de transporte mais seguros e confiáveis, quando os acidentes aéreos acontecem ocupam enorme espaço nos jornais, impressionando pela relevância social dos envolvidos e pelo número de vítimas.
Ainda hoje o Ceará se lembra do trágico acidente ocorrido em junho de 1982, quando o avião da VASP se chocou contra a Serra de Aratanha em Pacatuba, provocando a morte prematura de mais de uma centena de pessoas. Tamanha foi a violência do choque que muitas famílias sequer encontraram e sepultaram os corpos de seus entes queridos.
Dias após o sinistro, o agricultor varzealegrense Zaqueu Guedes viajou ao vizinho município de Iguatu para resolver umas questões na agência do INSS. No final da tarde, com as soluções previdenciárias encaminhadas, o comunicativo Zaqueu parou em um modesto “café” na saída da cidade, próximo à ponte sobre o Rio Jaguaribe, onde decidiu aguardar um transporte de volta para Várzea Alegre. Para saciar a fome, foi logo pedindo:
- Sinhora, cozinhe meia dúzia de ovo pra mode eu dá conta de chegar na razalegre.
Zaqueu e a dona do café passaram a conversar. O assunto não poderia ser outro. Falavam do impressionante acidente da VASP. Enquanto comia os ovos, o agricultor varzealegrense se dizia penalizado com o estrago nos corpos das vítimas. Poucas pessoas foram reconhecidas. O resgate só conseguiu localizar partes dos corpos. Quando Zaqueu já terminava sua exagerada merenda, o caminhão de Livardino passou em direção a Várzea Alegre. O agricultou, com pressa, levantou-se e correu em direção ao último transporte daquele dia para sua cidade. A dona do café, desesperada, gritou:
- Seu Zé. E os ovos?
Zaqueu, já subindo na carroceria do caminhão, respondeu gritando:
- Muié, se não acharam nem os braços e pernas dos passageiro, avali os ovos.
(imagem Google)
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