Grávida,
minha avó paterna, Antonieta Cassundé, pediu ao marido Raimundo Cavalcante que
encomendasse uma garrafa de manteiga da terra produzida no sítio Caldeirão, por
Bárbara, esposa de Pedro de Caldas. O saboroso produto comporia a dieta
especial de resguardo de minha avó, que em breve descansaria de um dos seus filhos.
Logo
no dia seguinte meu avô voltou para casa trazendo o produto encomendado pela
querida esposa. Minha avó, desconfiada com a rapidez da compra, perguntou:
- Raimundo, de onde é essa mantêga ?
- Comprei de um vendedô que passou lá na bodega...
Minha avó abriu
a garrafa, cheirou e disse:
- Logo vi que essa mantêga num era das de Tia Bárbara, tá até meia rançosa...
- Tem nada não, vendo essa na budega e sábado incomendo a sua a Pedo de Calda.
Cerca
de uma semana depois, no final da tarde, meu avô voltou da bodega trazendo a
manteiga. Minha avó recebeu a garrafa e disse:
-
Agora sim, Raimundo. Essa é cherôsa,
a cor é diferente.
Após algumas semanas, no final do resguardo, na cozinha de casa, minha avó consumia o restante da manteiga de
garrafa, quando seu esposo Raimundo passou e comentou:
- Antonieta
usou toda a mantêga pensano que era das do
Caldeirão. Nem notou que eu só troquei a tampa da garrafa por uma cortiça...
Colaboração: Luiz Cavalcante
* Manteiga de garrafa, manteiga da
terra, manteiga de gado, manteiga do sertão ou manteiga nordestina é um tipo de manteiga que se mantém
líquida em temperatura
ambiente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário