segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

975 - O CANTO DOS SAPOS




            O sapo-cururu, no início do período das chuvas do sertão nordestino, deixa os ambientes úmidos e invade os terreiros das casas, em busca de  insetos, seu alimento preferido.  O esquisito animal, de pele rugosa, possui poucos predadores na natureza, por isso se reproduzem em grande escala.

        Próximo aos pântanos e lagoas, ouve-se repetidamente o coachar dos sapos. Os pesquisadores descobriram que a insistente vocalização, comuns aos machos, serve para marcar território e atrair as fêmeas para o acasalamento.

            No sítio Lagoas, município de Várzea Alegre, como o próprio nome sugere, repleto de pequenos lagos naturais, o canto dos conhecidos anfíbios interrompem o silêncio das noites sertanejas. Gilson Primo, conhecido produtor rural da região, bem humorado observador, não discorda dos estudiosos. O varzealegrense sustenta que o cantar dos sapos escondem um repetido e sensível diálogo. Na beira da lagoa, um dos sapos mais velhos, líder do grupo, em voz alta, emendando uma palavra na outra, pergunta:

           - Quando eu morrer quem é que vai ficar com mia muiéééééééééééé ??

            Sem pestanejar, os outros sapos do grupo, em um cantado soluço, aos pulos, respondem:

 -    É’ieu, é’ieu, é’ieu, é’ieu, é’ieu, é’ieu... 

Colaboração: Rafael Primo
(imagem Google)

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