segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

986 - DEUS GREGO


A busca pela beleza física vem de longe, certamente desde o surgimento do mundo. O culto ao belo, presente em diversas culturas, possui raízes na mitologia, com profundas discussões filosóficas na Antiguidade Clássica. E no saber popular, empírico, passado de gerações a gerações, também há remédios para essa recorrente angústia humana.

No último domingo, no intervalo de provas de ciclismo amapaense, em uma prazerosa e divertida conversa,  o amigo e esportista Valdeci Nunes nos confidenciou que, quando criança, sofria com sua aparência física. 

Percebendo a chateação e o inconformismo do pequeno filho, a amorosa mãe do ciclista Valdeci buscou ajudá-lo:

- Meu pequenozin, pra você ficar mais bonito, se esconda atrás da porta, mastigando “cabeloro” cozido.  

Como os antigos gregos, que realizavam rituais e apresentavam oferendas à deusa Afrodite, o menino Valdeci, por diversas vezes, escondeu-se por trás da porta em madeira de sua modesta casa, mastigando “cabeloro”, duro pedaço da carne do boi, extraído do tendão que se estende da cabeça às vértebras do animal.

Valdeci finalizou nossa resenha dominical falando que desconfia que a simpatia não funcionara completamente. Mas, com certeza, sempre que mastigava “cabeloro” atrás da porta, sua autoestima melhorava, saindo, em seguida, pelas ruas do município portuário de Santana, no Amapá, de peito estufado, olhar firme e andando na maior boçalidade, sentindo-se mais bonito do que qualquer Deus grego ou romano.

Colaboraçao: Valdeci Nunes

(Imagem Google)