Minha avó materna Maria Amélia Gonçalves Costa deixou preciosos ensinamentos para todos os seus descendentes. Na sua casa, em Fortaleza, a professora aposentada acolheu e se dedicou à educação de alguns seus netos. Muitos, como eu, ainda adolescentes, deixaram a pequena cidade natal para estudar na capital cearense.
Com sabedoria, minha querida avó desenvolveu uma técnica especial para codificar sua conversa ao telefone. Para evitar constrangimentos e disfarçar o assunto tratado, quando falava com as filhas sobre algum neto ou neta que estava por perto, ela dizia:
- Sabe, Socorro, a “gola do vestido” tá do mesmo jeito...
Por cautela, sempre cifrava o diálogo:
- Pois é, Terezinha, a “manga da camisa” não tem jeito... Minha filha, quanto à “gola de vestido”, só pessoalmente...
No início da década de setenta, quando sua filha Maria Zélia iniciou relacionamento com José Macedo, a professora aposentada já inovava na maneira de alertar sobre o momento de suspender o namoro da noite. Na época, como ainda costume no rádio, nos intervalos da programação, a TV Ceará (canal 2) informava o horário. Para alertar sobre o avanço da hora sem melindrar o cortês namorado de sua filha, a conhecida varzealegrense aumentava bastante o volume do seu velho televisor colorado no momento em que o locutor da TV Ceará falava:
- Macarrão Fortaleza informa: na Capital Alencarina são exatamente vinte e uma horas e trinta minutos.
Colaboração: José Macedo de Santana
(imagem Google)
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