Certa
manhã, em meados da década de setenta, um grupo de adolescentes, armados com baladeiras, caçava em um terreno rural próximo a sede do município de Várzea Alegre. Após
algumas horas caminhando cuidadosamente pela caatinga, a caçada não havia
rendido nada.
O longo período de estiagem provocara o desparecimento das pequenas aves e dos
roedores do sertão. Os meninos encontraram apenas algumas lagartixas e calangos
que saíam do meio das pedras e macambiras - plantas espinhosas comuns na região.
De repente, ouviram um barulho
estranho atrás de uma moita de mufumbo*. Parecia bicho grande. As pisadas eram
fortes. Os garotos, segurando com uma mão a pequena forquilha e com outra esticando as tiras do estilingue, municiados com pedras,
aproximaram-se com cuidado para não espantar a caça.
Porém,
ao afastar as folhas do arbusto, os pequenos
caçadores se surpreenderam. Em vez do esperado alvo, encontraram um conhecido rapaz,
seminu, buscando um contato íntimo com uma burra. Ao ver que fora flagrado
pelos garotos, o jovem, de pé, com as calças arriadas, tentou negar o evidente relacionamento
amoroso, justificando:
- Tou aqui aguniado pra defecar e essa
burra não deixa…
* arbusto comum no
sertão
Colaboração: Laece Oliveira
(imagem Google)
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