A antiga arte de se comunicar, embora amplamente ensinada nos livros, não se aprende apenas nos bancos de escola. Diariamente encontramos pessoas simples e sem estudo formal desenvolvendo verdadeiro dom para a comunicação.
Raimundo Alves de Menezes, conhecido em Várzea Alegre como Mundin do Sapo, foi uma dessas pessoas que impressionaram com a capacidade de transmitir seu recado usando a linguagem simples do matuto. Homem da roça, conversador, caricato e de gestual forte, tornou-se conhecido por sua fala descontraída e desinibida, sempre capaz de tiradas inteligentes e bem humoradas.
Certa ocasião, no meio da rua, em dia movimentado de feira, um conterrâneo metido a culto, no interesse de impressionar, interrompeu uma conversa travada entre amigos, abordando Mundin com frase repleta de palavras difíceis.
Mundin, agoniado com a inconveniente situação, não entendendo patavina do que escutava, sem meias palavras, com voz pausada, logo advertiu o amigo:
- Homi, venha com um português rasteiro que nois num tamo sabeno o que tá falano.
O recado surtiu efeito imediato e calou o incompreensível erudito, permitindo que Mundin continuasse a conversa com seu eloquente português de matuto.
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