quinta-feira, 5 de março de 2009

9 - VIAGRA DO SERTÃO



As moagens do engenho de cana-de-açúcar de seu Nonato Rolim, no sítio Medeiro em Várzea Alegre, demandavam um trabalho intenso e duravam alguns meses. Vários trabalhadores se ocupavam na árdua produção da rapadura. Além do corte da cana, realizavam outras inúmeras atividades, como cuidar da fornalha e manejar tachos e gamelas. Alguns operários eram contratados na sede do município e passavam um período inteiro no trabalho, retornando à cidade, em rápida visita à família, apenas de quinze em quinze dias.



Borboleta foi um desses trabalhadores que produziram rapadura no Medeiro por algum tempo. Contava que, na pequena folga, ao chegar em casa, trazia o corpo quente como a fornalha do engenho, por conta dos vários dias longe da mulher e também em razão das revigorantes garapas de cana e rapas de gamela consumidas intensamente. Fácil imaginar a energia acumulada, pois são famosos os efeitos fortificantes da rapadura, hoje conhecida como o Viagra do Sertão .



Mas aquele humilde trabalhador, com vários filhos pequenos, residia em uma casa modesta, sem divisão em cômodos, carente de qualquer privacidade. Dessa forma, era enorme a dificuldade para matar a saudade da esposa.



Borboleta, então, não enxergava outra maneira que permitisse o seu contato íntimo com a mulher. Para conseguir os prazerosos momentos de privacidade amarrava os filhos pequenos no quintal da casa.



Ouvindo essa história caímos na tentação de censurar a conduta extrema daquele rude trabalhador. Porém, atire a primeira pedra aquele que, em momentos semelhantes, não pensou em amarrar os filhos pequenos, como necessitou o desesperado Borboleta.
(imagem Google)

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