segunda-feira, 30 de março de 2009

23 - DISPENSA VAZIA



O meu olhar mais distante para o passado já alcança Antonia Alves Bezerra, Tonha, morando na casa de meus tios Sérgio e Rosa Amélia. Por várias décadas, com completa dedicação e carinho, Tonha contribuiu para a boa criação dos filhos do casal.



Mulher simples, não frequentou escola nem se interessou por ampliar seus conhecimentos. Sua vida se restringiu apenas a cuidar das seis filhas e do único filho varão dos meus tios.



Certo dia, tia Rosa Amélia saiu e deixou as quatro primeiras filhas - Romélia, Rosélia, Rosânia e Rosiana - aos cuidados da recém chegada Tonha. Ainda desacostumada com a rotina da casa, a nova babá perguntou à patroa se era pra dar comida para as crianças, recebendo uma resposta um pouco ríspida:



- Tonha, é lógico que tem que dar, lógico que tem.



Ao voltar para casa, poucas horas depois, tia Rosa Amélia encontrou as filhas irritadas, principalmente a bebê Rosiana, conhecida por sua gulodice, que chorava compulsivamente. A mãe, logo percebendo tratar-se de fome, buscou saber o motivo pelo qual a babá não dera o mingau às crianças. Tonha, com seu jeito rude de falar, foi logo dizendo:



- Diacho, eu cacei na dispensa e num achei “lógico” pra mode fazer o mingau das meninas.



Colaboração: professora Rosânia de Carvalho Costa
(imagem Google)

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