sexta-feira, 30 de junho de 2017

965 - PEDAL DOS 50


A bicicleta é capaz de nos levar a lugares inimagináveis e de nos proporcionar fortes emoções. De 23 a 26 de junho de 2017, esses veículos de duas rodas nos transportaram  por grande parte do território amapaense. Eu e um grupo de amigos enfrentamos o desafio de percorrer cerca de seiscentos quilômetros pedalando de Macapá ao Oiapoque. 
Desde criança curti andar de bicicleta. Assim, prestes a completar cinquenta anos de idade, decidi comemorar  meio século de vida de maneira lúdica: pedalando com amigos. 
Sobre duas rodas cruzamos imensas áreas de campos, florestas e cerrados do Amapá. Subimos e descemos íngremes ladeiras. Não bastasse, também enfrentamos extensos e quase intransponíveis atoleiros, formados no trecho não pavimentado da Br 156. Na parte final, percorremos áreas indígenas do Uaça, circundando as aldeias Piquiá, Curipi e Estrela. 
Como trabalhei em todos os municípios do Amapá, por inúmeras vezes, de carro, trilhei esses caminhos. Dessa última vez, de bicicleta, tornou-se mais fácil observar os lugares e manter contatos com as pessoas. Na comunidade do Carnot, município de Calçoene, conhecemos o senhor Manoel Souza, experiente carpinteiro, nascido na localidade de Cunani, que, enquanto concluía a construção de uma canoa em madeira,  nos contou, com orgulho, histórias dos habitantes da região.
No início da noite do dia 26, esquecemos as dificuldades do percurso ao alcançar o famoso marco ficado às margens do Rio Oiapoque, na cidade do mesmo nome. No ponto onde se cunhou a frase "aqui começa o Brasil" terminou o pedal para o nosso grupo. Findou para a maioria, pois os incansáveis Coutinho e Washington, cedo do dia seguinte, voltaram de bicicleta para Macapá, realizando,  em sete dias, uma pedalada de mil e duzentos quilômetros. 
Esses momentos marcarão para sempre as nossas vidas. Não esqueceremos jamais os sons vindos das matas, os refrescantes banhos nos igarapés e cachoeiras, as expressões de espanto dos  poucos moradores ao longo da rodovia ao saber que rumávamos de bicicleta ao extremo norte do Brasil.
A cada dia creio mais intensamente que todo ciclista possui um parafuso solto, cultiva um pouco de loucura. E isso é bom.  Pois a ditadura da sanidade nos impediria de enfrentar  desafios, de provocar emoções e de viver dias inesquecíveis como os saboreados no maravilhoso “Pedal dos 50”.

(imagem Google)