Antes das construções e melhorias das estradas, popularização dos meios
rápidos de transportes, eletrificação rural, televisão e outras
conquistas do mundo moderno, as comunidades do interior viviam isoladas.
Nessa época, as moças só namoravam e casavam com rapazes do mesmo
lugar, pois pouco se relacionavam com pessoas de outras localidades.
Na segunda metade do século passado, um jovem de Lavras da Mangabeira,
de cor negra, foi a um forró em uma pequena e distante localidade do
vizinho Município de Aurora, no sul cearense. Ao chegar ao local,
conhecido como sítio Pau Branco, a festa já acontecia, com vários casais dançando ao som de um sanfoneiro em um salão de terra batida.
O forasteiro se animou ao ver as belas jovens do lugar e passou a
convidá-las para dançar. Porém, para sua tristeza, foi recebido
friamente pela moças. Depois de várias recusas, o rapaz indagou de uma
das jovens a razão para a incompreensível rejeição. Com visível timidez,
ela respondeu:
- É porque nós só dança com rapaz de Pau Branco.
Foi o suficiente para o decepcionado visitante revidar:
- Ai é? Se subesse eu tinha mandado caiar* o meu.
* pintar com cal diluída em água; branquear.
Colaboração: Maurício Bezerra
(imagem Google)