terça-feira, 22 de novembro de 2016

954 - FECHANDO O GOL (blog há 7 anos)


           Grande parte do povo brasileiro acredita e faz uso de simpatias, feitiços, magias, mandingas, encantamentos, orações, amuletos, talismãs, feitiçarias, benzimentos e tudo mais relacionado com as ciências ocultas.

           No popular ambiente futebolístico as crenças estão ainda mais presentes. Os torcedores e os próprios atletas mantêm comportamentos supersticiosos buscando elevar o rendimento, pois acreditam que ajudam a equipe no alcance de suas metas. Há jogadores que não trocam a chuteira ou a cueca porque na primeira vez que as usou fez gols ou jogou bem.

          Eu não acreditava muito nessas coisas, mas recentemente minha amiga e conterrânea Klébia Fiúza me ensinou uma mandinga infalível. A simpatia cita um popular e irreverente varzealegrense, conhecido por suas histórias engraçadas. Consiste simplesmente em repetir umas palavras no momento em que o time adversário ataca. A frase, repetida com fé, fecha a nossa meta, impedindo o gol da equipe contrária.

         Neste final de semana, quando meu Fortaleza joga suas últimas chances de permanecer na série B e o querido Flamengo tem jogo decisivo na disputa pelo título do Brasileirão, usarei mais uma vez a frase mágica. No momento em que a bola chegar ao campo de defesa dos meus times eu repetirei insistentemente:

       - Cu de Zé de Lula. Cu de Zé de Lula. Cu de Zé de Lula...


(imagem Google)

terça-feira, 15 de novembro de 2016

953 - CHIFRES DO BEM

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Vários momentos marcaram a nossa rápida mas agradável viagem em família do último final de semana e feriado, cujo destino principal foi Brasília. 

Começamos o passeio acompanhando a etapa brasiliense da meia maratona Asics GoldenRun, suntuosa corrida que contou com a importante participação de atletas do Estado do Amapá, entre os quais minha querida esposa Eliziê. 

No dia seguinte à prova, 14 de novembro, comemorando o aniversário da minha mulher, conhecemos Pirenópolis, cidade goiana localizada a cento e sessenta quilômetros da Capital Federal, pródiga em paisagens e rica em histórias. Mesmo em um dia chuvoso, degustamos um pouco das lindas cachoeiras da região, provamos da diversificada culinária local e conhecemos parte de suas inusitadas histórias.

Logo ao chegar,  nos chamou atenção um personagem presente em todos os cantos da bucólica cidade do cerrado: uma imponente figura com corpo de homem e cabeça de boi, ostentando enormes e pontiagudos chifres.

Ficamos curiosos para saber por qual razão a cidade se orgulha de tão gozado símbolo. Após rápida e superficial pesquisa, descobrimos que o chifrudo se trata do Mascarado, um dos personagem das Cavalhadas, animada manifestação religiosa do município, com origem em tradições portuguesas, ocorrente durante a Festa do Divino Espírito Santo.

Com roupas coloridas e espalhando alegria durante o evento festivo, acredita-se que o chifrudo Mascarado também espanta os maus espíritos. Se os cornos causam vergonha e traduzem conotação negativa em muitas regiões do gigantesco e diversificado Brasil, em Pirenópolis, nas praças, comércios e residências, os Mascarados realçam os seus enormes chifres sem qualquer cerimônia, embelezando e alegrando o atraente município do centro-oeste brasileiro.


(imagem google)

sábado, 5 de novembro de 2016

952 - SHAOLIN DE VÁRZEA ALEGRE






A grande tela do cinema me levou de volta à infância. Hoje, com minha filha Alice Maria, assisti ao filme SHAOLIN DO SERTÃO, maravilhosa comédia cearense que conta a história de Aluísio Li, um padeiro de Quixadá que sonha em ser um grande lutador.
Não bastassem as imagens, os figurinos e as falas típicas do meu sertão natal, a película me trouxe a lembrança da época em que eu e todos os meninos da minha geração sonhávamos ser lutadores chineses como Shaolin ou Bruce Lee.
Na década de 1970 vivia-se o auge dos filmes de Kung Fu, produzidos na antiga colônia britânica de Hong kong. Essas obras se espalharam pelo mundo e chegaram ao à época isolado sertão cearense.
Ao sair do Cine Alvorada, dos irmãos Zé e Raimundo de Borgin, em Várzea Alegre, os meninos da minha época de criança pulavam, gritavam e golpeavam como se fossem um dos  protagonistas de sucessos como  “Dragão Chinês” ou “Shaolin Contra os Filhos do Sol”.
Eu e meus amigos só acordávamos do sonho e descobríamos não possuir os poderes e as técnicas dos heróis do cinema chinês quando alguém, do meio da rua, nos alertava insistentemente:
- Larguem de besta.  Vão infiá bufa em cordão. Vocês vão é rachá o quengo* com esses pinote** desmatelado...
* cabeça
** salto
(imagem Google)

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

951 - ÁGUA MINERAL (Blog há 7 anos)



        Se comunicar sempre foi uma necessidade entre os seres humanos. Nos tempos remotos, para se entender, os homens usaram gestos, sinais, códigos, que só depois de um longo período se organizaram em uma linguagem. Mas aquilo que surgia como fator de integração entre os povos nem sempre cumpriu completamente esse papel. Os indivíduos traduzem as informações recebidas de acordo com fatores sociais, culturais, religiosos e muitos outros.

       Certo dia, um novo garçom foi apresentado para gentilmente servir água, café e outros lanches em todas as inúmeras salas do nosso trabalho. Com atenção, cuidou em verificar as particularidades de cada um dos diferentes doutores que trabalhavam naquele importante órgão público. Uns preferiam café preto, outros com leite. Uns com açúcar, outros com adoçante. Uma bela e jovem doutora, cuidadosa com os seus dentes e estômago, atenta às orientações dos especialistas, logo alertou:

        - Eu gosto da minha água natural, tá? Sempre natural.

        A partir daquele dia, o dedicado garçom não deixou faltar a água solicitada. Antes mesmo de ser chamado aparecia na sala trazendo em sua equilibrada bandeja o precioso líquido. Porém, passados alguns meses, no meio de uma manhã, recebeu uma ligação para ir imediatamente ao gabinete. Ao chegar, foi logo cobrado pela chefe:

        - Por que ainda não trouxe minha água? Você não sabe que eu costumo beber bastante água pela manhã?

        - Perdão, doutora, mas desde cedo tá faltando água. Tão trocando uns canos da rua. Desculpa eu perguntar. Por que a senhora prefere água da torneira?


(imagem Google)