domingo, 29 de abril de 2012

593 - BOCA LIVRE ( Pedra de Clarianã há dois anos)





       Em um belo domingo de sol da década de oitenta o corretor de algodão Antônio Ulisses foi se encontrar com o deputado e amigo Nilo Sérgio no Clube Recreativo de Várzea Alegre – CREVA. Naquela manhã, o parlamentar se reunia com inúmeros correligionários no aprazível clube da cidade cearense.



       Antônio Ulisses chegou animado pois ali certamente se daria mais uma das festivas reuniões patrocinadas pelo político varzealegrense. Contudo, ao chegar ao local, o engenheiro Tércio Costa chamou o primo em particular e falou baixinho:



      - Antônio Ulisses, Nilo Sérgio me disse que não agüenta mais essas contas gigantescas. A partir de hoje não tem mais boca livre. Vai ser tudo rachado.



       Uma ducha de água fria caiu na animação do controlado corretor de algodão. A maioria dos convidados chegara mais cedo no lugar e já consumira muitas cervejas e tira-gostos. Seria injusto entrar na divisão da grande conta. Cauteloso, Antonio Ulisses chamou o arrendatário do bar do clube e disse:



        - Zé de Zuza, prepare uma dose dupla de Ron Montilla para mim. Vá anotando meus pedido aí separado.



        A reunião seguiu animada. Quando o deputado parava de falar, Antônio Ulisses tomava a atenção dos presentes contando as suas divertidas histórias. Na grande mesa não faltava tira-gosto. Mas sempre que Zé de Zuza trazia um apetitoso prato, Tércio olhava para Antônio Ulisses e gesticulava com uma mão cortando a outra, lembrando que quem comesse qualquer coisa entraria na divisão da conta. Assim, mesmo muito apetitoso, o corretor preferiu não tocar nos pratos.



        Já no fim da tarde o deputado se despediu de todos e deixou o clube. O dono do bar veio à grande mesa e passou a recolher os inúmeros vasilhames de bebida e pratos vazios, anunciando:



         - O deputado pagou toda a conta.



      Feliz e aliviado, Antônio Ulisses se levantou, preparando-se para ir embora. Porém, sob o sorriso do engenheiro Tércio, Zé de Zuza lembrou:



       - Falta só as suas vinte dose de Ron. Nilo Sérgio não pagou porque você me pediu para anotar separado.



Colaboração: Luiz Fernando Costa Cavalcante

quarta-feira, 25 de abril de 2012

592 - QUEM NÃO DEVE NÃO TEM (Pedra de Clarianã há dois anos)





       A disponibilidade do crédito trata-se de fenômeno econômico muito recente no Brasil. A economia estável e o crescimento do país permitiu nos últimos anos o acesso a financiamentos que mudaram o comportamento e a vida dos brasileiros. Porém, as gerações mais antigas ainda continuam com enorme receio de manter relação com as instituições financeiras. Possuem ojeriza aos ambientes das agências e desconfiança dos funcionários das casas bancárias.

      Pode parecer esnobe, mas não se pode negar o prazer de chegar à sua terra natal guiando um carro próprio, como definiria minha saudosa tia Quinha. Assim, no início dos anos noventa, comprei uma bela e luxuosa caminhoneta da marca japonesa Toyota e com ela viajei para Várzea Alegre.

       Na pequena cidade do interior cearense, fui logo visitar meu tio Zé do Norte, proprietário de uma movimentada sapataria há mais de cinquenta anos. Após o forte aperto de mão mostrei ao querido tio a minha nova aquisição, estacionada à frente da Sapataria Cavalcante. Ao ver o lustroso veículo, meu experiente tio afastou um pouco a cabeça para trás, me olhou com os olhos esbugalhados e me disse desconfiado:

      - Meu sobrin, nun fique enfezado comigo não. Me diga uma coisa. Você comprou mesmo esse carrão ou só assinou aqueles papel na loja do Juazeiro?



(imagem Google)

sábado, 21 de abril de 2012

591 - MULHER DIFÍCIL




Continua em turnê pelo Brasil a peça Não Existe Mulher Difícil, com o festejado ator global Marcelo Serrado. O texto de Lúcio Mário Filho é uma adaptação do livro de André Aguiar Marques.  O espetáculo aborda as estratégias para conquistar este ser tão complexo, colocando as questões de forma bem-humorada.

Certo dia, no sertão cearense, um grupo de amigos ouvia as experiências de um deles que recentemente viajara para outra região do país. Um outro, mais afoito e curioso, foi logo perguntando:

- E aí ? Aproveitou bem o passeio? Arrochou muita gente lá?

O turista, com expressão triste, lamentou:

- Vocês nem imaginam como são muié que eu vi lá. Elas  são muito orgulhosa...

O atento amigo perguntou:

- E é ? São difícil? São arrogante?

O viajante, dessa vez com um sorriso na face, completou:

- São orgulhosa demais. Elas só dão se gente pedir...


Colaboração: Paulo Danúbio Carvalho Costa
(imagem Google)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

590 - CASA DE DONA GLORINHA




Na década de oitenta, morei com minha avó Maria Amélia, em Fortaleza, no agradável e bem localizado bairro de Fátima. Naquela tranquila parte da capital alencarina sempre viveram vários outros amigos e parentes originários da nossa Várzea Alegre, cidade do sertão cearense.

Naquele prestigiado bairro fortalezense, uma das casas mais frequentadas pelos varzealegrenses se localizava na Avenida Visconde do Rio Branco. Ali residiam o casal Zé Cândido e Glorinha Rolim e seus filhos Geraldo, Genival, George, Antônio Gil, Gotardo, Gildásio, Noésia e Noélia. A residência da simpática e divertida família era ponto de apoio e local de encontro de muitos conterrâneos. No simples e acolhedor local não havia espaço para lamentações, tristeza ou preocupação.

Em uma tarde de sábado, um conterrâneo chegou à residência de dona Glorinha e ao cruzar a sempre aberta porta de entrada encontrou o lugar na maior festa. Todo mundo bebendo, comendo, sorrindo e contando histórias. O visitante estranhou o exagerado movimento e perguntou:

- Que é que tão comemorando? Aqui ainda mais animado...

Um dos presentes, com o copo de cerveja na mão, demonstrando a espontaneidade e tranquilidade dos moradores, respondeu:

- Hoje faz um ano que Gilgásio começou a trabalhar como corretor e ainda num vendeu nenhum imóvel...

 (imagem Google)Colaboração Hudson Batista Rolim

terça-feira, 17 de abril de 2012

589 - MÃE DE JOGADOR




O meu querido primo Francisco Hildemberg, conhecido como Bega, desde criança se destacou nos campos e quadras de futebol. Da nossa geração não me recordo de outro que se aproximasse dele na habilidade com a bola. Aliás,  mesmo depois dos quarenta anos, ele continua praticando com desevolvura essa saudável e prazerosa atividade esportiva.

         Em meados da década de oitenta, no Bairro Montese, em Fortaleza, no início de uma tarde de domingo, após uma intensa partida de futebol, Bega retornou para casa. O almoço, temperado por deliciosas bolinhas de carne de gado(almôndegas) já fora servido para os demais membros da família. Mesmo assim, a querida e cuidadosa mãe Socorro Costa pôs à mesa a refeição que guardara para o filho.

Com o prato repleto de arroz, feijão e macarrão, o jovem atleta reclamou:

         - Mãe, só tem uma bolinha de carne?

A dona de casa imediatamente replicou com mais uma de suas respostas rápidas e inteligentes:

         - Meu filho, você devia era agradecer por ter uma bola pra você sozin. No campo de futebol também só tem uma bola e ainda é dividida com vinte e dois...


Colaboração: Antônio Alves da Costa Neto
(imagem Google)
         

segunda-feira, 16 de abril de 2012

588 - SAUDADE




No início do mês de agosto, em um ano da década de noventa, um varzealegrense que migrara para o sudeste brasileiro conseguiu juntar uma boa quantia e decidiu passear em sua cidade natal. Voltaria justamente no período da animada festa do padroeiro. De um telefone público, com a passagem na mão, o esforçado migrante ligou para Várzea Alegre, sertão cearense, informando à genitora da sua breve chegada:

         - Mãe, depois de quatro ano sem nós se vê, nós vai se encontrar por aí. Tou com a passagem da Itapemirim ferrada. Chego antes do levantamento do pau da bandêra.

         A modesta mãe, feliz com a possibilidade de rever o querido filho, indagou:
 
- Valha meu fii, acho que tou caducano. Já passou quatro ano que você foi simbora daqui?

         O saudoso varzealegrense explicou:

- Presta atenção, Mãe. Faz dois ano que eu num vejo a sinhora. Com dois que a sinhora não me vê faz quatro, né?


Colaboração: Vicente Ferreira Lima Filho (Lima Discos)
(imagem Google)


sábado, 14 de abril de 2012

587 - O BOLETIM DE JOÃO SEM BRAÇO




         O varzealegrense Raimundo Alves Bezerra, ainda criança, ganhou o apelido de João Sem Braço após perder o membro superior esquerdo em um gravíssimo acidente. A deficiência não impediu o garoto de desenvolver várias habilidades. Mas, infelizmente, ele nunca se interessou pelos estudos.

         Em meados da década de setenta, em Várzea Alegre, sertão cearense, João Sem Braço, voltando da escola, encontrou sua amiga e vizinha Klébia Fiúza no pé da ladeira da Rua Doutor Leandro. Vestindo a farda da escola, o pouco esforçado estudante pediu:

         - Klébia, queria que tu dissesse a pai que as notas vermêa do meu boletim são as boa.

         Mesmo conhecendo as peripécias do vizinho, Klébia perguntou:

         - Mas porque eu vou ter que mentir pra seu Joaquim Gibão?

         Com ar sério, João Sem Braço explicou:

          - Pai num sabe que meu boletim é igual a uma lista telefônica...

          - Como assim? – indagou Klébia.

          O relaxado estudante completou:

        - É que minhas nota parece número de telefone. Olhe aqui. Só tem dois dois três, três três, zero zero.  


Colaboração Klébia Fiúza
(imagem Google)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

586 - O CÂMBIO DO FUSCA




No início da década de oitenta, o pintor varzealegrense Raimundo Filho, morando em Fortaleza, comprou um veículo modelo fusca. Como não possuía habilitação para dirigir, convidou o primo e amigo Geraldo Batista Lima, para juntos estrear o velho carro em um passeio à Várzea Alegre. Geraldo, funcionário público, também sem experiência como motorista, era habilitado, o que facilitaria caso ocorresse alguma fiscalização policial.

Com a viagem rapidamente organizada, os dois seguiram pela CE 060 - estrada do algodão - no rumo da distante e querida Várzea Alegre. Em uma reta da rodovia estadual, já próximo ao município de Quixadá, Raimundo Filho, imprimindo ao veículo a velocidade máxima de oitenta quilômetros por hora, buscando quebrar o silêncio e ouvir a opinião do calado Geraldo, perguntou

- E aí, primo, o que é que você achando?

Geraldo, tocou a alavanca de câmbio do fusquinha e, demonstrando seus poucos conhecimentos sobre direção automotiva, comentou:

- Tá, tá tranquilo, mas n’era bom você passar a terceira pra descansar a quarta não?


Colaboração: Robson Frutuoso Bezerra
(imagem Google)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

585 - CARTEIRA DE CIGARRO




No início da década de setenta, Socorro Costa deixou o sertão cearense para passear em Fortaleza. Nos vários dias que permaneceu na capital alencarina, hospedou-se na acolhedora casa de sua mãe Maria Amélia, onde dividiu o quarto com a irmã caçula Paula Gorete.

Naquela época não havia qualquer restrição ou campanha contra o prejudicial hábito de fumar. Ao contrário, era símbolo de elegância, beleza e juventude. Divulgado abertamente pelas propagandas nas tevês e pelos artistas nas cenas do cinema, o cigarro ditava a moda entre jovens e adultos.

Nos primeiros dias em Fortaleza, Socorro percebeu que sua carteira de hollywood* esvaziava rapidamente. Gorete, a todo momento, retirava um cigarro. Para evitar o desenfreado consumo, Socorro passou a esconder a carteira em várias partes da casa. Porém, qualquer que fosse o esconderijo, a irmã encontrava os cigarrros.

Até que um dia, Gorete reclamou:   

- Socorro, onde você tá entocando seu cigarro? Faz dias que procuro e num acho.

Após insistência da irmã, a esperta Socorro, já com a mala pronta para voltar ao sertão, finalmente revelou o inusitado esconderijo:

- Gorete, escondi no seu quarto. Dento da sua gaveta...


* Hollywood  é uma marca de cigarro do grupo Souza Cruz
 (imagem Google)

terça-feira, 10 de abril de 2012

584 - CARTILHA DO MOBRAL





O Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, campanha criada na década de setenta com o ambicioso desejo de mudar uma triste herança educacional, pretendia ensinar jovens e adultos a ler e a escrever.

O pretensioso projeto do governo militar utilizava a  cartilha como ferramenta para o ensino da leitura e da escrita, usando o método tradicional da repetição e soletração de palavras soltas, sem se preocupar com as peculiaridades e culturas locais.

Como em outros rincões do imenso Brasil, na zona rural do Ceará também foram realizadas várias ações para alfabetização dos adultos.

Certa noite, depois de um dia de intensa atividade na roça, um grupo de agricultores do sertão cearense se reuniu em uma apertada e improvisada sala. Para facilitar o aprendizado, a dedicada professora afixou na parede algumas gravuras de objetos com os seus respetivos nomes. Após várias repetições, apontando para a imagem de uma boneca de pano e para as letras da palavra, disse:

-  Vejam como é fácil ler. Olhem pra essa figura e soletrem comigo: um com ó, bó; um ene com é, né; um com a, ...

Em seguida, os alunos, atentos para a figura e sílabas coladas na parede, soletraram:

-  be ó bó, ene é né, a cá.

Satisfeita, a professora continuou:

- Muito bem! Agora leiam qual a palavra tá escrita aqui.  

Observando atentamente a gravura, mas usando o seu próprio e original vocabulário, os sertanejos leram:

- Calunga*.


* Calunga era uma palavra usada no sertão cearense também como sinônimo para boneca.

(imagem Google)

sábado, 7 de abril de 2012

583 - BOM DE CONTA




O respeitado professor de matemática Almino Gabriel Viana contribui há vários anos para o aprendizado de jovens varzealegrenses. 

Certa manhã, no final da década de setenta, em uma aula no Centro Educacional São Raimundo Nonato, o dedicado professor, buscando consolidar o ensinamento dos seus alunos, apresentou um exemplo:

- Se um pedreiro e um servente trabalhando juntos sentam oitenta tijolos por hora, então dois pedreiros e dois serventes conseguem sentar cento e sessenta tijolos em uma hora.

No fundo da sala, o peralta Raimundo, garoto de apelido João Sem Braço, pediu a palavra e falou:

- Professor, eu entendi. Um expresso* da Itapemirim demora três dias pra ir daqui de Várzea Alegre pro São Paulo. Quer dizer que se sair junto dois expressos chegam no São Paulo num dia e mêi, né?


* sinônimo cearense para ônibus.
Colaboração Robson Frutuoso Bezerra
(imagem Google)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

582 - AS BELAS E A FERA




Em Várzea Alegre, os encontros encabeçados pelo corretor de algodão Antônio Ulisses sempre reuniram e divertiram  muita gente. Onde estivesse, uma roda de amigos e parentes se formava para ouvir boas histórias e  participar de descontraídos colóquios. 

Certa manhã de sábado da década de oitenta, no início da Rua dos Peru, Antônio Ulisses e o primo e engenheiro civil Tércio Costa conversavam e tomavam cerveja na calçada alta do escritório de compra e venda de algodão. Em certo momento da descontraída reunião,  Antônio Ulisses, balançando em sua cadeira, perguntou:

- Dotô Tércio, você num é um caba bem-parecido* mesmo assim sempre pegou muié bonita. Terminou casano com uma linda esposa. Me diga como era que você conseguia isso, hômi?

O simpático engenheiro Tércio, com sua voz rouca, revelou a sua interessante estratégia:

- Tõe Lissi era simples. Eu chegava numa festa e observava as mulheres. Identificava as dez mais bonita. E galanteava as dez. Só bastava ter dez por cento de sucesso.


* No tradicional sertão cearense, homem não pode achar outro bonito, apenas bem-parecido.
(imagem Google)

terça-feira, 3 de abril de 2012

581 - DÍVIDA SANGRENTA (Pedra de Clarianã há dois anos)





        Diariamente os noticiários policiais mostram trágicas histórias de assassinatos motivados por dívidas. Em muitos casos, são irrisórios os valores envolvidos nas discussões que dão causa aos violentos crimes.


        Certo dia, na pacata Várzea Alegre, sertão cearense, o agricultor aposentado Zé de Lula encontrou seu amigo e contador Demontiê Batista e, com ar sério, falou:


        - Tiê, tou devendo sete real no bar de Buzuga. Por amor ao nosso padroeiro São Raimundo, me arrume dois real pra pagar e evitar uma morte.


        - Zé de Lula, porque só dois reais se você deve sete? – Retrucou o preocupado contador.


        - É porque Buzuga desce a ladeira do Gibão* muntado numa bicicleta na maior carreira. Quando me vê solta o guidon e com as mão me mostra sete dedos. Cinco numa e dois noutra. Quero pagar dois pra mode ele desocupar uma das mão e agarrar no guidon.


* sítio localizado próximo da sede do município de Várzea Alegre

Colaboração: Kleber Dakson Fiúza(Manin de Saraiva)

domingo, 1 de abril de 2012

580 - MUITO PRAZER




Por vários anos desenvolvi minhas atividades profissionais pelo belo, vasto  e desconhecido interior do Amapá. Nesse período percorri várias regiões e conheci todos os municípios do Estado. Como nasci em uma cidade do sertão cearense, me adaptei facilmente às limitações daqueles pequenos mas acolhedores municípios.

Certa manhã de segunda-feira, eu trabalhava no Fórum de uma dessas comarcas interioranas quando ali chegou a nova Juíza da cidade. Já ouvira falar da sua competência e beleza, mas pessoalmente esse último atributo se revelou ainda mais impressionante. Ao me ser apresentada, a jovem mulher foi logo dizendo:

- Doutor, o senhor sabe que a casa do tribunal está sob reformas. Me disseram que a sua estrutura é muito boa. Será que eu poderia passar uns dias em um dos quartos da sua casa?

Eu vivia sozinho naquele pequeno lugar e logo comecei a imaginar o grande prazer em dividir minha solidão com aquela linda colega. Antes que ela mudasse de opinião, respondi:

- Claro que sim. Será um enorme prazer recebê-la.

- Não vou incomodá-lo? - Ponderou a fascinante magistrada.

- Óbvio que não. Nem se preocupe com isso.

Com a minha clara e manifesta concordância, a bela juíza agradeceu e saiu em direção à frente do prédio, onde seu carro permanecia estacionado. Eu a acompanhei até à porta, imaginando o prazer da companhia diária daquela elegante e bonita mulher. Porém, antes de chegar ao carro de vidros escuros, para minha completa desilusão, ela gritou:

- Amor, o dotô disse que a gente pode ficar na casa dele. Vá levando  as crianças e mamãe pra lá...


(imagem Google)