quarta-feira, 31 de julho de 2013

778 - DOR DE DENTE





    



         Em caso de uma dor de dente muitas são as dicas caseiras para aliviar o sofrimento. Embora a solução esteja no cuidado permanente com a higiene bucal e a visita regular ao dentista, ainda há muitas receitas populares para sanar a conhecida dor.


Certo dia, cedo da manhã, no distrito de Mangabeira, Município de Lavras da Mangabeira, o agricultor Zuza Lemos entrou na bodega do sobrinho Nalberto Guedes e disse:


- Meu sobrin, bote uma cachaça pra mim que tou com uma de dente da peste.


Do balcão, o comerciante sugeriu:


- Ti Zuza quando eu tou com dor de dente eu vou em casa na muié e fico bonzin...


O velho e irreverente agricultor, com a sua inconfundível presença de espírito, fez menção de sair do estabelecimento e perguntou:


- Meu sobrin, tu ainda mora no mesmo lugar?



Colaboração: Ronaldo Lima

(imagem Google)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

777 - ENFIM SÓS






Mesmo com os avanços das últimas décadas, a sexualidade ainda continua sendo tratada como um tema de difícil discussão, sobretudo para os mais jovens. Muitas famílias ainda encaram o sexo como tabu, fechando a porta para o necessário diálogo e a busca de informações sobre o tema.


Há alguns anos, no sertão nordestino, encerradas a cerimônia e os festejos das núpcias, finalmente o jovem casal chegou à nova morada. Enfim poderiam desfrutar da ansiada intimidade do casamento. 


Ao entrar no confortável quarto da casa, o noivo fechou com cuidado a porta do cômodo. A noiva, desconhecendo o que lhe esperava nessa nova fase da vida, confessou:


- Amô, preciso falá. Me adescupa mas eu num sei fazê nada...


O rapaz, arrotando segurança, enquanto desabotoava a calça que usara no casamento, tranquilizou a amada:


- Num se preocupe não. Deite aí na cama que eu ensino tudin a você...


A moça, sem pestanejar, corrigiu:


- Nan. Isso aí faz é tempo qu'eu aprendi. Eu num sei é cuzinhá, lavá, costurá...



colaboração Carlos de Leandro da Silva (Carlin de Dalva)

(Imagem Google)

sábado, 27 de julho de 2013

776 - A BICICLETA DE RAIMUNDO SILVINO





Nos últimos dias experimentei mais uma atividade prazerosa em Várzea Alegre: Pedalar pelos bucólicos caminhos do sertão na companhia de divertidos amigos. Em pouco mais de uma semana, além de circular pelas vias da cidade cearense, fomos ao vizinho distrito de Mangabeira, ao açude São Vicente, ao distrito de São Caetano e à localidade do Caldeirão.

E essa mania pelo pedal nos revelou que na década de 1950 havia poucas bicicletas em Várzea Alegre. Chico Primo possuía uma Sueca marca Husqvarna. Raimundo Teixeira  e Veimar de Fransquin Bezerra também circulavam em outras bikes importadas.

Naquela época meu avô paterno Raimundo Cavalcante comprou uma Norman inglesa em Campina Grande e seus filhos passaram a disputar acirradamente o uso da bicicleta. 

Certo sábado, cedo da noite, a bicicleta desapareceu. Todo mundo da casa situada na Rua São Raimundo queria usar o concorrido biciclo. Mas somente no fim da noite chegou Antônio Cavalcante Cassundé, conhecido como Pista, todo arrumado e  montado no veículo. Seu irmão José Cavalcante Cassundé, popularmente conhecido por Zé do Norte, da porta da casa, perguntou:

- Onde tu tava Antõe, meu irmão? 

 - Fui ver o terço da Formiga* – respondeu o simpático ciclista.

O jovem Zé do Norte comentou com claro ar de reclamação:

- É danado! Antõe foi charlar ** na bicicleta e ainda calçou o meu sapato novo…


* O terço, momento de oração da localidade conhecida como Formiga, reunia vários jovens da cidade de Várzea Alegre.

** Segundo o dicionário Informal charlar é um termo que se utiliza no sentido de "aventura", "coisa boa", "algo que lhe faz bem", "despreocupação".

Colaboração: Antônio Cavalcante Cassundé, Francisco Cavalcante Cassundé e Luiz Cavalcante

(imagem Google)


quarta-feira, 24 de julho de 2013

775 - MECÂNICO






Há alguns anos, em uma tarde de sábado, na cidade cearense de Várzea Alegre, após se deparar com outras oficinas de portas cerradas, um taxista chegou ao Posto Esso a procura de um mecânico para reparar uma pane em seu carro.


Ao reconhecer um homem que guardava as ferramentas e limpava as mãos sujas de graxa, o motorista de praça gesticulou com um dos braços e bradou:


-  Luiz de Marechal, o dotô da mecânica.


O experiente profissional percebeu que se tratava de uma interesseira adulação. Conhecendo a fama de caloteiro do taxista, o espirituoso e repentista mecânico respondeu:


- certo. Só que hoje eu num tou atendeno pelo SUS não…


Colaboração: Carlos Leandro da Silva (Carlin de Dalva)
(imagem Google)