domingo, 24 de novembro de 2013

811 - TURISTA (Pedra de Clarianã em 2009)





       Minha tia Rosa Amélia aceitou meu convite e dias atrás veio conhecer o Estado que me acolheu. Em apenas uma semana de passeio, com sua simpatia e contagiante disposição, saboreou da deliciosa vida no Amapá.

        Comeu várias doses de camarão no bafo na praia do bucólico distrito de Fazendinha. Ao lado da histórica igreja de São José, provou uma cuia do tradicional tacacá, servido na calçada da central e movimentada Rua São José. No Igarapé da Fortaleza tomou açaí "do grosso" misturado com farinha de tapioca. Foi à feira do produtor rural comprar castanha-do-pará, cupuaçu e molho de tucupi. Depois de visitar a Casa do Artesão, bebeu latas de cerveja com sal e limão preparada por Lourival. Em passeios pela orla, especialmente no “lugar bonito”, contando com a proteção das centenárias muralhas da bem conservada Fortaleza de São José de Macapá, se refrescou com a brisa soprada nas margens do gigantesco Rio Amazonas.

       No interior, no aprazível Município de Ferreira Gomes, antes de se deliciar com uma bem servida caldeirada de peixe, minha tia banhou-se feito criança nas águas límpidas do Rio Araguari, bem longe de sua foz e de onde acontece o famoso fenômeno da pororoca.

        É bem verdade que faz muito bem viajar, conhecer novos lugares, contatar pessoas e culturas diferentes. Mas para tia Rosa Amélia sua vinda ao Amapá trouxe ainda mais benefícios. Ao voltar para Várzea Alegre, fez o seguinte comentário:

        - Gostei tanto do passeio que cheguei me sentindo mais jovem e mais bonita. Só quando me vi no espelho do meu quarto notei que ainda continuava com as marcas dos meus setenta e cinco anos de idade.


(imagem Google)

domingo, 17 de novembro de 2013

810 -DE OLHO NA PROFESSORA (Pedra de Clarianã há dois anos)




As histórias envolvendo o popular corretor de algodão Antônio Ulisses sempre divertiram os moradores de Várzea Alegre, pequeno e acolhedor município do centro-sul cearense. E era o próprio personagem que, com inesgotável bom humor,  contava diversas  passagens de sua vida.

No final da década de noventa, o viúvo Antônio Ulisses se engraçou por uma bela professora de uma escola próxima. Diariamente a jovem passava caminhando pelo terreiro  da casa do aprazível Sítio Santa Rosa e despertou o coração do solitário coroa.

Crente de que possuía alguma chance, Antônio Ulisses encarregou Cosme, seu fiel empregado, de ir no sítio vizinho para observar se a professora mencionava o nome do apaixonado pretendente. Porém, ao voltar, com seu jeito simples e caricato, o agricultor Cosme relatou:

- Seu Ontôi, na frente deu  muié num triscou no seu nome não...

Mesmo assim Antônio Ulisses não perdeu as esperanças e  continuou a vigiar a passagem da professora. Certa tarde, sob o sol causticante do sertão,  na estrada, o corretor fingiu acompanhar o conserto em uma cerca de arame farpado só para que pudesse cumprimentar a jovem quando ela passasse bem ao seu lado. Após desejar um sonoro bom dia e ser retribuído friamente pela moça, o patrão pediu ao empregado:

- Cosme, veja se ela olha pra trás.

O modesto agricultor observou a bela jovem seguir seu caminho e respondeu para o ansioso corretor de algodão:

- Seu Ontôi, ela num ispiou nem com o rabo do ôi...

Esperando um sinal positivo da moça, Antônio Ulisses insistiu:

- Nem uma olhadinha, Cosme?

- Só se ela oiou pelo restrovisor, seu Ontôi – disse o leal e sincero morador.


Colaboração: Antônio Alves da Costa Neto
(imagem Google)

domingo, 10 de novembro de 2013

809 - SANTO PROTETOR



Em 1956, a empresa Auto Viação Varzealegrense, de propriedade de Francisco Temóteo Bezerra (Chagas Bezerra), realizava o transporte de passageiros para o sul do país e para a região do Cariri.

Naquela época, em uma viagem de Várzea Alegre para o Crato, um ônibus lotado da empresa descia uma íngreme ladeira da temida Serra de São Pedro quando por pouco não despencou em um abismo. Só não ocorreu uma tragédia graças à habilidade do motorista Miguel Mandinga
                    
Passado o susto, uma passageira, segurando o terço, comentou:

- Vi todo mundo se valendo de Deus e de tudo quanto é anjo da guarda, menos você, Geraldo Felipe...

O espirituoso varzealegrense imediatamente retrucou:

- Quando eu ia me valendo do padroeiro São Raimundo Nonato, a senhora mesmo gritou: valei-me todos os Santos. Daí não sobrou nada pra mim.

(imagem Google)
Colaboração: José Filipe de Souza

domingo, 3 de novembro de 2013

808 - FELIZ VÁRZEA ALEGRE




No livro O Avesso das Coisas, o grande Carlos Drummond de Andrade escreveu que “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”. E a cidade de Várzea Alegre, encravada no sofrido sertão cearense, demonstrou que a assertiva do poeta de Itabira era verdadeira.

O programa Globo Reporter apresentou ao mundo a nossa querida cidade e destacou a vida simples e alegre de João Mendonça(Palhaço Palito), e Antônio José de Souza(Pelé), muito conhecidos entre os varzealegrenses.

Essa caminhada de alegria e bom humor em Várzea Alegre começou bem antes, com o afamado motorista Zé Filipe, que, por onde andava, contava as histórias pitorescas de nossa cidade. Também contribuíram para essa boa fama os divertidos Alberto Siebra, Antônio Ulisses e Chico Basil.

Não dá pra esquecer Chagas Taveira, Pé Véi, Oliveira Brito (Vêra) e outros simples e carismáticos personagens da cidade, que distribuíram alegria mesmo sofrendo as agruras da dura vida do semiárido nordestino.

Foi nesse cenário de simplicidade e contentamento, pelos bares da cidade do cariri cearense, que Mané Cachacinha, há várias décadas, resumindo o sentimento de felicidade do lugar, cunhou a enigmática frase:

- Várzea Alegre é natureza.


(imagem Google)