domingo, 17 de novembro de 2013

810 -DE OLHO NA PROFESSORA (Pedra de Clarianã há dois anos)




As histórias envolvendo o popular corretor de algodão Antônio Ulisses sempre divertiram os moradores de Várzea Alegre, pequeno e acolhedor município do centro-sul cearense. E era o próprio personagem que, com inesgotável bom humor,  contava diversas  passagens de sua vida.

No final da década de noventa, o viúvo Antônio Ulisses se engraçou por uma bela professora de uma escola próxima. Diariamente a jovem passava caminhando pelo terreiro  da casa do aprazível Sítio Santa Rosa e despertou o coração do solitário coroa.

Crente de que possuía alguma chance, Antônio Ulisses encarregou Cosme, seu fiel empregado, de ir no sítio vizinho para observar se a professora mencionava o nome do apaixonado pretendente. Porém, ao voltar, com seu jeito simples e caricato, o agricultor Cosme relatou:

- Seu Ontôi, na frente deu  muié num triscou no seu nome não...

Mesmo assim Antônio Ulisses não perdeu as esperanças e  continuou a vigiar a passagem da professora. Certa tarde, sob o sol causticante do sertão,  na estrada, o corretor fingiu acompanhar o conserto em uma cerca de arame farpado só para que pudesse cumprimentar a jovem quando ela passasse bem ao seu lado. Após desejar um sonoro bom dia e ser retribuído friamente pela moça, o patrão pediu ao empregado:

- Cosme, veja se ela olha pra trás.

O modesto agricultor observou a bela jovem seguir seu caminho e respondeu para o ansioso corretor de algodão:

- Seu Ontôi, ela num ispiou nem com o rabo do ôi...

Esperando um sinal positivo da moça, Antônio Ulisses insistiu:

- Nem uma olhadinha, Cosme?

- Só se ela oiou pelo restrovisor, seu Ontôi – disse o leal e sincero morador.


Colaboração: Antônio Alves da Costa Neto
(imagem Google)

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