segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

960 - ARAMANAÍ (Blog há 7 anos)


        Neste mês de janeiro de 2010, saindo de navio do Porto de Santana, Estado do Amapá, viajei com esposa, filhas, sogra e cunhada para Santarém, município do oeste paraense. A viagem inicia com a beleza do percurso pelo majestoso rio Amazonas – ou Solimões.

       Na chegada a Santarém, fomos muito bem recebidos pelo impressionante espetáculo do encontro dos rios Solimões e Tapajós. Suas águas teimam em não se misturar. De um mirante próximo à orla da cidade é possível observar os rios de cores diferentes correndo lado a lado.

    As praias de areia branca e as águas claras impressionam. O rio Tapajós pode não ser o rio mais bonito do mundo, mas certamente disputa as primeiras posições. Na região, são tantos os lugares interessantes que uma visita só é insuficiente pra conhecê-los: Alter do Chão, Ponta do Cururu, Serra da Piroca, Ponta de Pedras, Pajuçara, Aramanaí e várias outros.

       Em Aramanaí, Município de Belterra, me deliciei com a paisagem e com o tucurané na manteiga servido na beira do rio. Chamou-me atenção o nome do lugar. Um experiente pescador cuidou logo em me contar uma popular versão sobre a origem do nome da bela praia.

        Segundo o velho morador, um rapaz e uma moça, irmãos, caminhavam pela beira do rio Tapajós, retornando de uma festa em Belterra, onde beberam e comeram bastante. Chegando naquela praia, a moça se viu agoniada e perguntou ao irmão:

      - Mano, tou apertada. Onde eu posso mijar?

      O irmão, apontando para a praia que ganhou o nome, respondeu:

      - Ara, mana. Aí.

(imagem Google)




segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

959 - CHAPADA DO ARARIPE



Neste domingo, acompanhamos nosso pai Luiz Cavalcante em uma visita ao Museu de Luiz Gonzaga, na cidade pernambucana de Exu. Transpomos a Chapada do Araripe, imponente paredão que divide o sul do Ceará do Pernambuco, ouvindo dezenas de sucesso do inesquecível artista nordestino.

Logo após o Crato, após subir grande parte da íngreme “muralha” que abriga a Floresta Nacional do Araripe, paramos em pequenas vendas para adquirir alguns produtos regionais, como a siriguela, a jaca e o famoso pequi, fruto nativo responsável pela maior fonte de renda dos moradores da região. Como ainda íamos ao Exu,  decidimos comprar um saco do aromático fruto do pequiziero somente no retorno do passeio.

No Parque “Aza” Branca, grafado propositalmente com a letra Z, revivemos a história da vida e da música do maior artista nordestino de todos os tempos. Certamente não apenas por coincidência, em determinado momento da emocionante visita, no serviço de som do Museu do Gonzagão, tocava uma das muitas músicas da prodigiosa parceria ente o sanfoneiro com o iguatuense Humberto Teixeira:

La no meu pé de serra
Deixei ficar meu coração
Mas que saudade eu sinto
Eu vou voltar pro meu sertão

Inebriados com a fabulosa obra musical de Luiz Gonzaga, sentimos a falta no acervo do museu de qualquer referência ao varzealegrense Zé Clementino, parceiro do velho Lua em várias músicas de sucesso tais como Xote dos Cabeludos, Xeeem, Capim Novo, O Jumento É Nosso Irmão e Terra dos Contrastes. 

    Na retorno de Exu, decidimos visitar outros importantes pontos Turísticos da Chapada do Araripe. Na margem da rodovia CE-292, a 9 quilômetros de Nova Olinda,  conhecemos a lendária Ponte de Pedra, formação rochosa natural semelhante a uma ponte.

            Em Santana do Cariri, no Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (URCA),  amostras do rico patrimônio geológico da região se misturam a imponentes réplicas de dinossauros.

Também em Santana do Cariri, a apenas 4 km da sede do município, subimos para apreciar a vista a partir do Pontal de Santa Cruz, que, segundo a crença popular, serviu para afastar as assombrações que habitavam o local. Eu e o primo Augusto Cesar, preferimos encarar a subida por uma estruturada trilha que também leva à pequena capela e a grande cruz fincada no panorâmico pontal.
           
      Na volta, no final da tarde, na rodovia, cruzamos com milhares de pessoas acompanhando o carregadores do pau da bandeira da Festa de São Sebastião, padroeiro de Nova Olinda.

Por fim, próximo ao Crato, paramos mais uma vez na estrada para comprar as frutas regionais, especialmente o pequi, ingrediente obrigatório na dieta dos sertanejos. Como havíamos iniciado uma negociação com as vendedoras no inicio da manhã, saímos em busca das sumidas proprietárias das barracas:

            - Ei, ei... Onde as muié do pequi tão ?

(imagem Google)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

958 - OS ÓCULOS DO COMPADRE

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Na boca da noite, em uma pequena cidade do nordeste brasileiro, após mais um estafante dia de trabalho, o jovem marido voltou cansado para casa. Enquanto a dedicada esposa esquentava o jantar, decidiu descansar um pouco no quarto do casal.

Ao deitar na cama, o homem se incomodou com um objeto estranho sob o confortável travesseiro. Tratava-se de óculos de grau deixados estranhamente no inviolável leito conjugal. Inexplicável pois o casal gozava de saúde oftalmológica e nenhum dos dois carecia de qualquer correção visual.

Ao acender a luz do quarto, o pobre homem imediatamente reconheceu detalhes da refinada armação. Não havia qualquer dúvida, os óculos pertenciam ao seu querido compadre, padrinho do filho primogênito do casal. 

No dia seguinte, logo ao amanhecer, após uma noite mal dormida, o homem, sem contar nada à esposa, decidiu tomar providências. O velho amigo, que abria as portas do comércio com dificuldades para acertar a chave no buraco da fechadura, estranhou:

- Cumpade, o que traz você aqui tão cedo? Aconteceu alguma coisa? Meu afiado tá bem ?

- O Minino tá bem. O problema é com o cumpade...

Desconfiado, o experiente comerciante foi se afastando:

           - Mas, entonce, o que há de ser?

Antes que o velho amigo morresse com a falta de sangue circulando no seu rosto pálido, o compreensível marido, retirando os óculos do bolso,  completou:

- Taqui seu picenez, Cumpade. Deixe de lerdeza. Você tá muito esquecido. Anda largano seus óculo em tudo que é canto... 

(imagem Google)