quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

958 - OS ÓCULOS DO COMPADRE

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Na boca da noite, em uma pequena cidade do nordeste brasileiro, após mais um estafante dia de trabalho, o jovem marido voltou cansado para casa. Enquanto a dedicada esposa esquentava o jantar, decidiu descansar um pouco no quarto do casal.

Ao deitar na cama, o homem se incomodou com um objeto estranho sob o confortável travesseiro. Tratava-se de óculos de grau deixados estranhamente no inviolável leito conjugal. Inexplicável pois o casal gozava de saúde oftalmológica e nenhum dos dois carecia de qualquer correção visual.

Ao acender a luz do quarto, o pobre homem imediatamente reconheceu detalhes da refinada armação. Não havia qualquer dúvida, os óculos pertenciam ao seu querido compadre, padrinho do filho primogênito do casal. 

No dia seguinte, logo ao amanhecer, após uma noite mal dormida, o homem, sem contar nada à esposa, decidiu tomar providências. O velho amigo, que abria as portas do comércio com dificuldades para acertar a chave no buraco da fechadura, estranhou:

- Cumpade, o que traz você aqui tão cedo? Aconteceu alguma coisa? Meu afiado tá bem ?

- O Minino tá bem. O problema é com o cumpade...

Desconfiado, o experiente comerciante foi se afastando:

           - Mas, entonce, o que há de ser?

Antes que o velho amigo morresse com a falta de sangue circulando no seu rosto pálido, o compreensível marido, retirando os óculos do bolso,  completou:

- Taqui seu picenez, Cumpade. Deixe de lerdeza. Você tá muito esquecido. Anda largano seus óculo em tudo que é canto... 

(imagem Google)

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