domingo, 30 de outubro de 2011

488 - O VIAGRA DO CEARENSE




Ao longo dos anos os homens experimentaram inúmeros chás, garrafadas e outras receitas de estimulantes sexuais. Mas só no final do século passado, com o surgimento do Viagra, surgiu um alento para a temida disfunção erétil. O chamado comprimido azul aumentou a perspectiva de uma vida sexual duradoura e com mais qualidade.

Certa manhã do final da década de noventa, na pequena e especial Várzea Alegre, em um banco da movimentada Praça do Abrigo,  vários aposentados conversavam sobre a novidade. Em certo momento da animada prosa, o ferreiro aposentado Chico Basil se aproximou do grupo. Um dos amigos presentes logo perguntou:

- Chico, tu já expermentou o tal do Viagra? Tão dizeno que aumenta as força...

O velho ferreiro, com um olho fechado e outro aberto, mirou o amigo e falou:

- Hômi, bestera de comprimido. Eu tou tomano é chá...

Os velhos amigos se interessaram e quase ao mesmo tempo indagaram:

- Que chá é esse, Chico? É do bom mermo?

Antes de soltar uma boa gargalhada, o irreverente Chico Basil concluiu:

- É que eu num preciso desse Viagra não. Tomo é chá de cidrera pra acalmar...


(imagem Google)

Colaboração: Luiz Roberto Pedrosa de Castro

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

487 - INTELIGÊNCIA DA VIDA (Pedra de Clarianã há dois anos)



       O festejado psiquiatra e psicoterapeuta brasileiro Augusto Cury ensina como ser gestor das próprias emoções, decifrando o código da inteligência para administrar sentimentos e gerenciar os temores, medos, angústias e aflições da vida.

       Até parece que o paulista de Colina, cujos livros invadiram as listas dos mais vendidos, conheceu e estudou minha querida avó materna Maria Amélia. A sábia varzealegrense, mesmo em momentos de muitas dificuldades e perdas, buscava controlar suas emoções e “fazer sua própria cabeça”.

       No início da década de oitenta, como o apertado orçamento de professora aposentada não permitia nenhum luxo, minha avó continuava assistir a seus programas favoritos nas imagens em preto e branco de seu antigo aparelho de TV.

       Exatamente até o dia em que foi presenteada por seu filho caçula Paulo Danúbio com um televisor novo e a cores, ela justificava sua preferência pela antiga:

      - Não troco minha velha televisão nem por duas coloridas. Nan, li na revista Manchete que essas tevês cheias de cor fazem muito mal a vista das pessoas.


(imagem Google)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

486 - CAPITAL DE RISCO




Neste momento de crise mundial, com o dólar uma hora em alta outra hora em baixa, com as bolsas também oscilando, os aplicadores buscam investimentos mais simples e tradicionais como a poupança.

Certa tarde, na movimentada Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza,  por acaso dois velhos amigos se reencontraram após vários anos. Depois dos cumprimentos iniciais, um deles se queixou das dificuldades financeiras atravessadas: 

- Macho véi, eu ganhei muita bufunfa, e tudo que eu ganhava eu aplicava na caixa...

Sem compreender o resultado negativo para um investimento tão  seguro, o amigo indagou:

- E mesmo aplicando o dinheiro na caixa econômica você alisou? passando essa dificuldade toda?

Unindo os dedos indicadores e polegares das duas mãos, formando o  sinal identificador da parte íntima feminina,  o perdulário e mulherengo explicou:

- Eu apliquei tudo foi na caixinha de cabelo...


Colaboração: Paulo Danúbio Carvalho Costa
(imagem Google)

sábado, 22 de outubro de 2011

485 - DITADO POPULAR




Além dos significados que transmitem, os ditados populares desempenham  importante papel na demonstração da cultura, costume e passado  de um povo.

São muitos os ditados que se ouvem frequentemente por aí. É comum classificar alguém como motorista barbeiro, mandar outro  tirar o cavalo da chuva,  dizer que fulano mora  onde Judas perdeu as botas  ou afirmar que quem não tem cão caça com gato.

Em Várzea Alegre, em um banco do calçadão Antônio Alves Costa, na sombra de um frondoso pé de algodão, muitos aposentados se encontram diariamente. Ali tratam dos mais variados assuntos e usam raras e preciosas expressões.   

Certa manhã, no concorrido banco da praça,  o velho boiadeiro Zé Pretin relembrava um amigo de infância que não via há muito tempo. Buscando realçar o grande convívio que tivera, usando antigo ditado, o simpático e conversador Zé Pretin falou:

-  Lá no Sanharol nós cagava na mesma moita....


 (imagem Google)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

484 - CONTROLADO PELAS RÉDEAS





Alguns estudiosos sustentam que o número assustador dos acidentes de trânsito decorre de mudança repentina  nos hábitos da vida moderna. No século XX, sem o preparo e transição necessária, o homem deixou o lombo dos animais e passou a usar como meio de transporte os automóveis.

O uso de cavalos, burros e jumentos foi muito comum até as primeiras décadas do século passado. Nas cidades interioranas e periferias dos grandes centros urbanos ainda hoje se observa a utilização desses rústicos meios de transportes.

Certa manhã da década de setenta, em Várzea Alegre, nas imediações do agradável sítio Sanharol, uma caminhoneta marca chevrolet seguia em baixa velocidade pela estrada em direção ao vizinho município de Farias Brito. De repente, o veículo acelerou bruscamente e, cantando pneu, deixou o leito da estrada.

O  carro se chocou fortemente com uma moita de mufumbo no acostamento da rodagem. O agricultor Zé André, antigo morador do lugar,  se aproximou rapidamente e reconheceu no volante o comerciante Raimundo Silvino. Ao ver o amigo,  Zé André  perguntou gritando:

- Qué que sucedeu, Raimundo?

O  comerciante e também agricultor saiu com dificuldade da cabina da caminhoneta.  Com seu estilo espontâneo de matuto,  também falando alto, justificando sua pouca habilidade na condução do veículo, disse ao velho amigo:

- Zé, eu fui agarrá nos arrei  do bicho e cutuquei foi nas espora...


Colaboração: Antônio Morais
(imagem Google)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

483 - ARTILHARIA (Pedra de Clarianã há dois anos)




       O menino que nasceu Raimundo se transformou em João Sem Braço logo após passar pelo infortúnio de perder o membro superior esquerdo em um acidente. Mas a falta do braço não impediu o conhecido varzealegrense de atirar de baladeira, jogar sinuca e realizar com habilidade outras atividades que exigem a utilização dos dois membros.

       Em um campeonato realizado na quadra de esportes da Escola Presidente Castelo Branco, João Sem Braço foi escalado para jogar Futebol de Salão, hoje futsal, pelo time de alunos do Colégio São Raimundo Nonato.

        A equipe até iniciou bem o campeonato, mas, na ultima partida, contra o rival Presidente Castelo, sofreu dois gols ainda no primeiro tempo. Descontrolado, João Sem Braço, para surpresa da torcida nas arquibancadas, passou a chutar contra a baliza defendida pelo goleiro do seu time. Era só a bola chegar aos seus pés que o descontrolado jogador chutava fortemente contra o próprio patrimônio. Depois de sofrer uns cinco gols contra, o técnico finalmente pediu um tempo e, com rispidez, se dirigiu ao seu atleta;

       - João Sem Braço, você ficou doido? Por que ta só fazendo gol contra?

       Com seu jeito irreverente, o Jogador apresentou sua justificativa:

       - Já que vamos perder o campeonato, quero ser pelo menos o artilheiro.



Colaboração: Klébia Fiúza

(imagem Google)

domingo, 16 de outubro de 2011

482 - RIO DE JANEIRO




Viajar e conhecer novos lugares propicia uma das mais sabororosas emoções que a vida nos oferece.  E na companhia de pessoas amadas  tudo se torna ainda mais prazeroso e gratificante.

No últimos dias visitei a espledorosa cidade do Rio de Janeiro  com minha esposa, filhas, mãe, irmão, sobrinho e cunhada. Em cada lugar uma emoção tomava conta de todos nós.

Era como  atuar em cenário de filme ou novela,  posar para postal ou viver momentos da nossa história. Seja no octogenário Cristo Redendor, no famoso bondinho do Pão de Açúcar, no luxuoso Palácio do Catete, no agradável Jardim Botânico, no emocionante  Fla-Flu, no tradicional Bar Amarelinho da Cinelância, na marcante Igreja da Candelária, na saborosa Confeitaria Colombo, nos contrastes dos morros, na movimentada orla de Copacabana, na efervescente Lapa, no elegante bairro do Leblon ou na bonita praia de Ipanema.

Após curtir esses e outros marcantes lugares da Cidade Maravilhosa, minha querida mãe Terezinha comentou:

- Meu fii, na verdade eu já conhecia o Rio. Passei a vida toda ouvindo falar do Rio, desde quando foi capital do Brasil. Tou aqui pela primeira vez, mas tudo é familiar...


(imagem Google)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

481 - LAGOSTA (Pedra de Clarianã há dois anos)




                  Depois de estudar alguns anos no Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira, Paulo Danúbio se mudou para Fortaleza no início da década de setenta. No Liceu do Ceará, foi cursar o primeiro ano do ginasial – hoje sexta série do ensino fundamental.

           O aluno, que mais tarde se formou em biologia pela Universidade Estadual do Ceará e se tornou um bem conceituado professor, adorava as aulas de ciências. Já nos primeiros dias, logo que chegou ao tradicional colégio da Capital Alencarina, buscou participar ativamente das aulas. Certo dia, a professora de ciências, falando sobre os aspectos alimentares e nutrição dos crustáceos, fez uma pergunta aos alunos:

         - Quem aqui da sala já comeu Lagosta?

          Para a surpresa da mestra, o aluno Paulo Danúbio foi o único a levantar o braço.

          - Mas Paulo, você acabou de chegar do interior, não sabia que os crustáceos faziam parte da culinária de Várzea Alegre.

         - Desculpa, professora, eu não entendi direito. Lagosta era uma jumentinha que vivia lá pelos tabuleiros perto do colégio agrícola das Lavras.



(imagem Google)

sábado, 8 de outubro de 2011

480 - A VIRGEM E O GARANHÃO




         É preciso admitir. Embora haja outras preciosas qualidades a buscar, muitos de nós homens, seres inseguros, odiamos comparações, daí a preferência e desejo por mulheres virgens.

         Na década de noventa, em Macapá, um experiente profissional da área jurídica finalmente conheceu a jovem pura e imaculada que tanto procurava. 

Com cerca de vinte anos, a bela garota apresentava comportamento diverso das outras tantas com quem aquele conquistador já se relacionara. Recatada, sempre com pouca maquiagem, usando longos e nada decotados vestidos, a garota logo impressionou. Seguramente ela não possuia qualquer experiência sexual, situação incomum para as moças da sua idade.

Depois de várias conversas, contatos com familiares e visitas à residência da jovem, finalmente o sedutor conseguiu levá-la para saborear um delicioso camarão na Fazendinha, balneário próximo à cidade. Já a noite, no retorno para casa, sem avisar, o malicioso operador do direito entrou com o carro em um famoso motel.  

Em silêncio, o maduro homem pegou a jovem pela mão e a conduziu até o quarto. Ao entrar e fechar a porta, a escuridão tomou conta do hermético cômodo. O garanhão,  sob o efeito de algumas cervejas, começou a apalpar as paredes buscando em vão ligar as luzes do apartamento.

Ao perceber o nervosismo e a pouca desenvoltura do companheiro, a  sóbria moça, sem esbarrar em qualquer móvel, dirigiu-se à cama e rapidamente acendeu as luzes do quarto, dizendo:

- Amorzin, o interruptor é sempre aqui na cabeceira...


Colaboração: José Sidou Goes Miccione
(imagem Google)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

479 - CURIOSIDADE MATA




Chico de Bino trata-se de um simpático e comunicativo cearense do interior do Estado. Todos os dias, na pequena agência de vendas de passagens do pequeno distrito de Mangabeira, município de Lavras da Mangabeira, o velho agricultor aguarda a chegada dos ônibus que fazem a linha de Fortaleza a Juazeiro do Norte. No pouco tempo de parada do coletivo, o curioso e perguntador Chico busca novidade, se aproximando e interrogando os desconhecidos passageiros.

Em certo fim de tarde da década de oitenta, várias pessoas desceram do ônibus e entraram no pequeno comércio situado ao lado da agência. O agricultor aproveitou e abordou uma bela passageira:

- A sinhora tá indo pra onde ?

A mulher, estranhando a aproximação, respondeu secamente:

- Estou indo para Exu. Por que?

Ao saber que a pasageira seguia para o pequeno município pernambucano, à época famoso pela forte intriga e incontida violência entres duas famílias tradicionais, Chico engoliu seco, desistiu da conversa e,  já se afastando, comentou:

 - Exu é longe, ?


Colaboração: Ronaldo Lima
(imagem Google)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

478 - CABEÇA DE PORCO (Pedra de Clarianã há dois anos)



        No interessante vídeo da MV Produções, coletânea histórica e cultural de Várzea Alegre, Souza Sobrinho registra o trabalho de vários artistas, entre os quais Pedro de Souza, Chico de Amadeu, Bié, Zé Clementino, Serginho Piau e Bidin. Além disso, relembra passagens pitorescas de espirituosos filhos da Terra do Arroz, como o sempre enraivado Mundin da Varjota.

         É importante ressaltar que o nacionalmente famoso seu Lunga de Juazeiro é uma moça de polidez e delicadeza perto do que foi o nosso Mundin.

         Em uma sexta-feira à tarde, Mundin da Varjota chegou em casa trazendo do mercado de carnes a cabeça de um porco. De imediato, entregou a compra à sua esposa Cecília, já imaginando o saboroso cozido e a apetitosa farofa que sairia na janta. No entanto, foi surpreendido com a pergunta da mulher:

         - Mundin, o que é p'eu fazer com a cabeça desse poico?

         Antes que a dedicada Cecília fechasse a boca, o enfezado e impaciente Mundin já foi respondendo:

        - Ponha no chiqueiro, dê muito mii e espere ele engordar pra gente comer.


(imagem Google)

domingo, 2 de outubro de 2011

477 - NAMORADA CASTIÇA

     

      Era a primeira vez que saía sozinho com sua nova namorada. Depois de várias idas à casa da bela jovem conquistara a confiança dos sogros. Naquela noite, lhes permitiram dar uma volta de carro pela cidade. Ambos estavam muito alegres com o progresso no relacionamento, mas nervosos com a ansiada oportunidade. De mãos dadas, passearam por vários locais da cidade. Visitaram shopping, jantaram em um concorrido restaurante e assistiram a um filme romântico.

     O namorado, com muita cautela, temendo espantar ou constranger a sua linda e recatada donzela, criada com rigidez e disciplina pelos pais, se restringiu naquele primeiro momento a beijos ardentes e abraços apertados. Nem no escurinho do cinema ousou passear por cima ou por baixo do longo vestido e visitar com as mãos pelo escultural corpo e pelas partes íntimas da jovem.

     Já iniciava a madrugada quando decidiram retornar para casa. Próximo de seu bairro, na pouco movimentada avenida, a moça avistou um luminoso em forma de coração. De imediato, a jovem tocou com a mão na perna do namorado, bem perto da braguilha, e, com voz tímida, falou:

     - Amor, sabia que esse motel novo aí eu num conheço ainda? 


(imagem Google)