sexta-feira, 2 de novembro de 2012

670 - MESA DE FESTA



     Na década de setenta,  na minha infância em Várzea Alegre, sertão cearense, eu demorei a entender porque embaixo da mesa e das cadeiras da nossa casa havia escrito o nome do meu pai.

     Só alguns anos depois descobri o motivo da dentificação nos móveis da sala de jantar. Naquela época, os organizadores dos eventos festivos pediam emprestado as mesas e cadeiras de várias famílias da pequena cidade. Para não misturar uma com as outras e posteriormente devolver à casa certa, o nome dos proprietários era anotado nas peças em madeira

     Certa noite, meu tio paterno José Cavalcante Cassundé conhecido como Zé do Norte, participava de um baile de carnaval promovido no antigo Recreio Social, espaço de danças localizado nos fundos do prédio da Prefeitura. Como no dia seguinte abriria cedo sua sapataria, o laborioso e agoniado comerciante decidiu deixar a folia ainda no começo da festa. Saiu caminhando em volta do salão procurando a velha mesa trazida da sua casa. Ao localizá-la, o comerciante pediu licença aos ocupantes, colocou o pesado móvel em sua cabeça e gritou para a esposa: 

     - Toinha, enganche as cadeira nos da mesa que o burro véi aqui vai levar agora...

(imagem Google)


Um comentário: