Na nossa rica infância em Várzea Alegre, sertão
cearense, convivemos com César Souza Lima, um garoto especial, que, com os
inseparáveis óculos fundo de garrafa
e a voz compassada, marcou pela sua ingenuidade e simpatia.
Minha irmã Flaviana manteve um contato ainda mais
próximo e intenso com Cesinha de Nenê de
Zé Vitor, como conhecido. Na pré-escola, na turma da professora Airles Pires, formou com ele um dos casais da
animada quadrilha de São João. Na fase adulta, reencontraram-se no Crato, onde
continuaram a amizade de infância.
Certa vez, na década de 1970, Nenê de Zé Vítor, atrás do balcão do seu
comércio no centro de Várzea Alegre, conversava com o político e oficial de
registro João Francisco, irmão de Maçonaria. Enquanto os adultos se entretiam
no bate papo, Cesinha, ainda criança, brincava embaixo do balcão.
Após longa conversa, João Francisco, vestido com o tradicional paletó preto, deixou o
estabelecimento de Nenê e se dirigiu
ao templo local da Maçonaria, onde, um dos irmãos da discreta sociedade
reparou:
- Mestre João Francisco, por que hoje você veio
pra reunião com um sapato preto e outro branco?
João olhou para a baixo, sorriu e lembrou:
- Com certeza foi Cesinha de Nenê de Zé Vitor que pintou meu sapato enquanto eu
conversava com o pai dele...
Cesinha nos deixou recentemente. Em sua passagem, sem perceber qualquer preconceito, conseguiu cruzar pela vida com uma doce e permanente
pureza de criança.
(imagem Google)
Emocionei-me bastante com o último parágrafo.
ResponderExcluirAdoro ler sobre o meu povo.
Não sabia! :(
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirVárias pessoas acompanharam a infância de César, eu como primo fui uma dessas pessoas, realmente ele era muito doce e tb mt inteligente...
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