sexta-feira, 8 de maio de 2015

915 - CESINHA DE NENÊ DE ZÉ VITOR


Na nossa rica infância em Várzea Alegre, sertão cearense, convivemos com César Souza Lima, um garoto especial, que, com os inseparáveis óculos fundo de garrafa e a voz compassada, marcou pela sua ingenuidade e simpatia.

Minha irmã Flaviana manteve um contato ainda mais próximo e intenso com Cesinha de Nenê de Zé Vitor, como conhecido. Na pré-escola, na turma da professora Airles Pires, formou com ele um dos casais da animada quadrilha de São João. Na fase adulta, reencontraram-se no Crato, onde continuaram a amizade de infância.

Certa vez, na década de 1970, Nenê de Zé Vítor, atrás do balcão do seu comércio no centro de Várzea Alegre, conversava com o político e oficial de registro João Francisco, irmão de Maçonaria. Enquanto os adultos se entretiam no bate papo, Cesinha, ainda criança, brincava embaixo do balcão.

Após longa conversa, João Francisco, vestido com o tradicional paletó preto, deixou o estabelecimento de Nenê e se dirigiu ao templo local da Maçonaria, onde, um dos irmãos da discreta sociedade reparou:

- Mestre João Francisco, por que hoje você veio pra reunião com um sapato preto e outro branco?

João olhou para a baixo, sorriu e lembrou:

-  Com certeza foi Cesinha de Nenê de Zé Vitor que pintou meu sapato enquanto eu conversava com o pai dele...

Cesinha nos deixou recentemente. Em sua passagem, sem perceber qualquer preconceito, conseguiu cruzar pela vida com uma doce e permanente pureza de criança.


(imagem Google)  

4 comentários:

  1. Emocionei-me bastante com o último parágrafo.
    Adoro ler sobre o meu povo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Várias pessoas acompanharam a infância de César, eu como primo fui uma dessas pessoas, realmente ele era muito doce e tb mt inteligente...

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