quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

105 - VACAS DE DIVINAS TETAS






          Há lugares, animais e pessoas que, mesmo não fazendo jus aos nomes, possuem inúmeras outras qualidades. Na cidade de Várzea Alegre, conhecida e cantada como Terra do Contrastes, não poderia ser diferente.

         Em meados do século passado, Raimundo Pretin vendia carne no Sanharol, agradável e acolhedor sítio localizado próximo a sede do Município. Além do trabalho de marchante, cuidava diretamente do seu rebanho bovino, inclusive ordenhando algumas vacas.
 
        Cedo da manhã, Raimundo sofria em seu curral tentando acalmar uma das vacas. Embora muito boa de leite, Delicada era arisca, não aceitava ser peada e amarrada ao bezerro. Todo dia, na hora de tirar o leite, era o mesmo sofrimento:

        - ÊÊÊ Delicada, ÔO vacaaaaaa. Delicada...ÊÊÊ....

        Mas não adiantava o aboio de vaqueiro e o esforço de Raimundo. Delicada, enfurecida, empurrava e virava o balde do leite, soltava a peia, dava coices e chifradas.

        Certa manhã, vindo do sítio Chico pra comprar carne, Joaquim Vieira encostou-se à porteira do curral e comentou:

       - Você ainda chama essa vaca de Delicada, homi.

        Raimundo, enfezado e cansado com a difícil lida com o gado leiteiro, respondeu:

       - Ela é que nem Linda, tua muié.


Colaboração: Zé de Bastião da Boa Vista
(imagem Google)

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