quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

3 - AULAS DE ECONOMIA




O dia da avó é comemorado apenas em 26 de julho. Mas ela merece recordações e homenagens o ano inteiro. Eu vivi uma relação muito forte com a minha avó materna. Como a cidade em que eu nasci não preparava para o exame vestibular, com quinze anos de idade fui morar com minha avó na capital alencarina para cursar o antigo segundo grau.

Além de exemplos de fortaleza, fraternidade e bom-humor, minha querida vozinha sempre demonstrou qualidades de uma expert em economia. Mesmo vivendo com pequena aposentaria da previdência social, obrava milagre, alcançando o fim do mês com uma sobra de dinheiro. Nestes tempos de crise financeira mundial ela apresentaria saídas para superar qualquer dificuldade de caixa.


Sua capacidade econômica era inesgotável. Lembro que ela nunca fazia todas as compras de uma só vez. Ia seguidamente ao mesmo supermercado para adquirir dez produtos diferentes. Toda essa maratona apontava para um objetivo concreto. Cada produto ela trazia em um saco plástico distinto, de modo que no final das compras juntaria dez sacos, suficientes para acomodar o lixo doméstico da semana.

Mas nada se comparava ao cuidado que ela dispensava à caixa de fósforos. Houve um tempo que freqüentei aulas noturnas e eu esquentava o jantar quando chegava do colégio. Ao lado do fogão, minha avó deixava uma caixa de fósforos Argos com dois palitos apenas. Só havia duas chances para acender o fogão a gás. E olha que os palitos agem em sintonia, quando um falha o outro também acompanha. Nem com reza braba o palito restante queima com o atrito na caixa.

Hoje, com tanto desperdício acontecendo, sinto ainda mais falta da minha inesquecível avó.


 
(imagem Google)

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