sexta-feira, 9 de abril de 2010

144 - COMERCIANTE CORUJA





        Todos os anos, no dia 30 de agosto, milhares de pessoas visitam Várzea Alegre, na região centro-sul cearense. Véspera do dia dedicado a São Raimundo todos saem às ruas da pequena cidade para festejar o santo padroeiro.

        No final da década de setenta, Leônidas Siebra Leite, conhecido como Alberto, animado com o intenso movimento na sua Casa Zé Augusto, decidiu se preparar para a última noite da festa de agosto. Depois de várias noites mal dormidas, o comerciante se dirigiu à Farmácia Popular e falou:

        - Zé de Ginu, você tem daqueles comprimidos que os motoristas usam para não pregar os oi nas rodagens? Hoje eu preciso apurar bastante no Bar.

        Zé de Ginu se dirigiu à prateleira e voltou com um envelope, dizendo:

       - Alberto, tome logo dois arrebite*, pois o povo vai virar a noite no seu bar. Com esses comprimidos você vai ficar de olho grelado, igual coruja. Só vai dormir amanhã à noite depois da procissão de São Raimundo.

       Mal chegou ao bar e Alberto foi logo tomando os comprimidos. O efeito surgiu imediatamente. Em pouco tempo o comerciante passou a bocejar e cochilar. Mesmo com a música alta e o burburinho dos fregueses, adormeceu em pé e com os cotovelos encostados no balcão.

       No dia seguinte, depois de quase doze horas de sono profundo e ser acordado por sua esposa Luzinete, Alberto descobriu que fora vítima de mais uma peça aplicada por Zé de Ginu. Em vez do desejado energético, tomara o tranqüilizante Lexotan.


* perniciosa anfetamina utlizada por partes dos profissionais do volante para aliviar o sono e permanecer mais tempo na estrada.

- Colaboração José Gilberto de Azevedo(Beto)

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