sábado, 9 de junho de 2012

609 - O APETITE DOS VIAJANTES




No início da década de oitenta, o comerciante Alberto Siebra e o corretor de algodão Antônio Ulisses decidiram passear em Fortaleza. No dia marcado, cedo da manhã, em um veículo marca Ford modelo Belina, os dois amigos deixaram a pequena cidade de Várzea Alegre com destino à capital cearense.

Por volta das onze horas, no meio do trajeto da longa viagem, às margens da rodovia BR 116, na região do Jaguaribe, os viajantes pararam para o ansiado almoço. Escolheram um restaurante simples, sem luxo, preferido pelos fartos caminhoneiros que transitavam pela estrada.

Ao sentar à mesa, o apetitoso Alberto chamou o dono do restaurante e disse:

- Vamo fazer um empleita*. Você vai trazeno o que tiver aí na cozinha e nós vamo comendo.

O também comilão Antônio Ulisses completou:

- Num deixe esvaziar os prato da mesa.

Com o almoço servido os dois gordos amigos começaram a comer sem parar. Como acertado, o garçom lutava pra não deixar prato vazio na mesa. A toda hora, Antônio Ulisses e Alberto faziam um sinal para o atendente do restaurante e pediam:

- Traga mais um arroizin...

Após cerca de meia hora, o dono e também cozinheiro, sem dar conta do apetite dos varzealegrenses, preocupado com a chegada dos vários caminhoneiros e fregueses habituais, chamou o garçom em um canto e pediu:

- Vai faltar comida pro outros freguês. Vá lá e leve doce de leite e uma garrafa d’água pra ver se enche os bucho daqueles dois.

Mal o gargom se aproximou da mesa com a bandeja com um garrafão de água e tigelas com doce de leite, Antônio Ulisses, com a boca cheia, olhou pra Alberto, sorriu e falou:

- Carece agora não. Doce e água a gente só quer do mei pro fim....


*empreitada
Colaboração: Ropson Frutuoso Bezerra
(imagem Google)

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