A seca sempre maltratou o semiárido nordestino, provocando prejuízos na economia e desespero ao povo simples que sofre com a inconstante estação das chuvas.
Na cidade de Várzea Alegre, sertão cearense, certa manhã de sábado, em meados do século passado, o modesto agricultor conhecido como Tibúrcio Preto, encostado ao balcão da bodega de Raimundo Silvino, lamentava a estiagem daquele ano:
- Se num chuvê nesse mês nós num bota nem nos "borrobrós*"...
Naquele momento, um abastado fazendeiro e dono de engenho comprava uns grampos de cerca e ouviu a lamentação do lavrador. Com voz firme, ponderou:
- Tenha paciência, hômi. Uma hora a chuva vem.
O falante agricultor ouviu atentamente as palavras confortadoras do rico dono de terras, mas, em seguida, completou:
- É divera. Só que em 32** eu já tive muita paciença e quase me lasco de fome...
* referência aos últimos meses do ano: setembro, outubro, novembro e dezembro.
** Ano de grande estiagem no sertão nordestino
Colaboração: José Cavalcante Cassundé (Zé do Norte)
(Imagem Google)
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