Com os seus parcos proventos de professora aposentada, minha avó
materna Maria Amélia alcançava o milagre de manter o seu movimentado
apartamento em Fortaleza. Sua receptiva morada vivia repleta de parentes
que saíam de Várzea Alegre para estudar e trabalhar na capital
cearense.
Para conseguir o equilíbrio do apertado orçamento doméstico e ainda
manter uma inacreditável reserva financeira, minha avó exercia intenso
controle sobre os produtos adquiridos para a manutenção da residência.
Certa manhã do início da década de oitenta, logo que me mudei para
Fortaleza, me deparei com minha gordinha avó, toda ensaboada, andando do
banheiro do quarto dela para o banheiro social do apartamento.
Diante da cena, após controlar o riso, temi que minha querida vozinha,
que já andava normalmente com dificuldades, agora molhada, nua e
ensaboada, escorregasse no piso do apartamento.
Imediatamente chamei a antiga funcionária da casa e indaguei:
- Gilsa, vovó passou de um banheiro pra outro toda ensaboada. Tá faltando água?
A fiel e paciente empregada, com um sorriso no canto da boca, respondeu:
- Tá não, Flavin. É que dona Maria não quer gastar o sabão em pó. Quando ela vai tomá banho aproveita a espuma de sabonete do corpo dela e passa nas paredes dos banheiro pra mode eu esfergar depois...
(imagem Google)
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