terça-feira, 17 de março de 2015

902 -- CUNHADO DO PADRE


Em meados do século passado, José Odimar Correia e seu veículo caminhão misto marcaram a história do transporte rodoviário de Várzea Alegre à Fortaleza. Com seu jeito extrovertido e conversador adquiriu várias amizades no difícil trajeto pelo sertão cearense.

Casado com Balbina Vieira Correia, Zé Odimar  se prevaleceu do isolamento e da falta de comunicação da época, e, passando-se por solteiro,  manteve uma namorada  em Icó, cidade do vale do Jaguaribe por onde o galanteador chofer parava com o seu conhecido veículo.

Após algum tempo do namoro, os familiares da jovem decidiram tomar satisfação com o Zé Odimar, pois ouviram um boato de que o motorista era cunhado do padre  da paróquia de Icó, Antônio Batista Vieira, relação verdadeira, pois o escritor, político e sacerdote era irmão de Balbina.

Os pais e irmãos da moça, armados com revólveres e peixeiras, decididos a lavar a honra da família, esperaram o varzealegrense no ponto da cidade de Icó onde comumente parava o misto. Bastou Zé Odimar descer da cabina do veículo para o pai da moça, ladeado por fortes rapazes, questioná-lo:

- É devera que você é casado na vazalegre? E é cunhado do Padre Vieira, seu cabra?

- Sou, sou cunhado dele sim, gaguejou, Zé Odimar.

E antes de ser alvejado por disparos da arma de fogo e perfurado por golpes de faca,  o motorista completou:

- Faz, faz ano que o pade é amancebado com minha irmã mais véa...

Colaboração: José Solário Macedo Crispim

(imagem Google)

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