Nos dias
de hoje, mesmo com o avanço nas lutas contra o preconceito e com o
reconhecimento de direitos, se assumir como homossexual continua sendo um
processo difícil para muitas pessoas.
Na década
de 1970, em Várzea Alegre, sertão cearense, eram poucos os homossexuais declarados.
Um deles, de apelido Coquin, não
sofria discriminação apenas por sua orientação sexual. Além disso, padecia por
ser velho, negro, pobre e alcoólatra.
Certa
tarde, eu e um grupo de amigos jogávamos bola na pequena praça onde é hoje o
Calçadão Antônio Alves Costa, quando ali passou o cambaleante homossexual. Eu e
os demais colegas nos aproximamos do velho homem e passamos a pertubá-lo,
dizendo:
- Coquin baitola, Coquin viado, Coquin fresco...
Acossado pelos meninos, Coquin se desequilibrou e caiu na
sarjeta da calçada do Bar de Alberto.
Quando nos aproximamos ainda mais para continuar os insultos, o velho homem se
levantou com dificuldades, limpou o
rosto com a mão e advertiu:
- Vocês faz pouco de Coquin, mexe com Coquin,
judeia com Coquin... Só que qualqué um pode ter um fii, um neto, um irmão, um sobrin, com o mermo gosto de Coquin...
(imagem Google)
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