No início da década de 1990 eu já namorava com Eliziê e todo
início de noite esquentava o banco de ferro da entrada da casa do meu sogro
Antônio Nogueira, no centro de Macapá. O nosso romântico encontro coincidia com
o horário de ataque dos carapanãs, mosquitos sugadores de sangue também conhecidos
como muriçocas. As trocas de carinho eram sempre interrompidas pois, a todo
momento, o casal precisava se defender de picadas dos pequenos e insensíveis animais.
Nos fins de tarde minha querida namorada
limpava cuidadosamente o local, aplicava fortes inseticidas, tudo para evitar
que os pernilongos perturbassem o nosso ansiado encontro das oito e meia da
noite. Contudo, o esforço era em vão. Bastava que nos sentássemos no banco para
a aproximação das muriçocas com seus incômodos zumbidos e suas irritantes picadas.
Felizmente, através de uma propaganda na televisão, conheci
um eficiente aparelho, capaz de afastar os insetos e impedir a praga que
perturbava nosso namoro. A solução era simples e inteligente. O equipamento
imitava o som emitido pelo carapanã macho e afastava as fêmeas ovadas, que
nesse período tem aversão aos insetos. Segundo os pesquisadores que
desenvolveram o inovador produto, as fêmeas são as únicas responsáveis pelas
picadas.
Imediatamente encomendei o produto e logo o recebi pelos
correios. À noite, com o equipamento fixado no cinto cheguei à casa da namorada
e anunciei a novidade para todos. Com a amada
ao lado, sentei no banco, liguei o aparelho e estufei o peito. Nenhum carapanã
se aproximaria para atrapalhar nosso namoro.
O resultado foi surpreendente. Nada da lenta chegada dos
insetos, como acontecia até então. Dessa vez, mesmo com o caro aparelho ligado,
uma nuvem de ousadas carapanãs avançou sobre nós e aplicou fortes, dolorosas e decepcionantes
picadas.
(imagem
Google)
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