segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

820 - O FIM DA PICADA




No início da década de 1990 eu já namorava com Eliziê e todo início de noite esquentava o banco de ferro da entrada da casa do meu sogro Antônio Nogueira, no centro de Macapá. O nosso romântico encontro coincidia com o horário de ataque dos carapanãs, mosquitos sugadores de sangue também conhecidos como muriçocas. As trocas de carinho eram sempre interrompidas pois, a todo momento, o casal precisava se defender de picadas dos pequenos e insensíveis animais.

Nos fins de tarde minha querida namorada limpava cuidadosamente o local, aplicava fortes inseticidas, tudo para evitar que os pernilongos perturbassem o nosso ansiado encontro das oito e meia da noite. Contudo, o esforço era em vão. Bastava que nos sentássemos no banco para a aproximação das muriçocas com seus incômodos zumbidos e suas irritantes picadas.

Felizmente, através de uma propaganda na televisão, conheci um eficiente aparelho, capaz de afastar os insetos e impedir a praga que perturbava nosso namoro. A solução era simples e inteligente. O equipamento imitava o som emitido pelo carapanã macho e afastava as fêmeas ovadas, que nesse período tem aversão aos insetos. Segundo os pesquisadores que desenvolveram o inovador produto, as fêmeas são as únicas responsáveis pelas picadas.

Imediatamente encomendei o produto e logo o recebi pelos correios. À noite, com o equipamento fixado no cinto cheguei à casa da namorada e anunciei a novidade para todos.  Com a amada ao lado, sentei no banco, liguei o aparelho e estufei o peito. Nenhum carapanã se aproximaria para atrapalhar nosso namoro.

O resultado foi surpreendente. Nada da lenta chegada dos insetos, como acontecia até então. Dessa vez, mesmo com o caro aparelho ligado, uma nuvem de ousadas carapanãs avançou sobre nós e aplicou fortes, dolorosas e decepcionantes picadas. 


(imagem Google)

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