segunda-feira, 14 de julho de 2014

874 - A GOLA DO VESTIDO (Republicado em homenagem aos 100 anos de nascimento de minha avó Maria Amélia)



       Minha avó materna Maria Amélia Gonçalves Costa deixou preciosos ensinamentos para todos os seus descendentes. Na sua casa, em Fortaleza, a professora aposentada acolheu e se dedicou à educação de alguns seus netos. Muitos, como eu, ainda adolescentes, deixaram a pequena cidade natal para estudar na capital cearense.



          Com sabedoria, minha querida avó desenvolveu uma técnica especial para codificar sua conversa ao telefone. Para evitar constrangimentos e disfarçar o assunto tratado, quando falava com as filhas sobre algum neto ou neta que estava por perto, ela dizia:



        - Sabe, Socorro, a “gola do vestido” tá do mesmo jeito...



       Por cautela, sempre cifrava o diálogo:



       - Pois é, Terezinha, a “manga da camisa” não tem jeito... Minha filha, quanto à “gola de vestido”, só pessoalmente...



        No início da década de setenta, quando sua filha Maria Zélia iniciou relacionamento com José Macedo, a professora aposentada já inovava na maneira de alertar sobre o momento de suspender o namoro da noite. Na época, como ainda costume no rádio, nos intervalos da programação, a TV Ceará (canal 2) informava o horário. Para alertar sobre o avanço da hora sem melindrar o cortês namorado de sua filha, a conhecida varzealegrense aumentava bastante o volume do seu velho televisor colorado no momento em que o locutor da TV Ceará falava:



         - Macarrão Fortaleza informa: na Capital Alencarina são exatamente vinte e uma horas e trinta minutos.



Colaboração: José Macedo de Santana

(imagem Google)

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