segunda-feira, 8 de junho de 2009

44 - SERENATA




         Em uma noite do início dos anos 70, os primos e amigos Antônio Ulisses e João Válder Saraiva de Carvalho resolveram tomar uns tragos no bar de Zé de Zuza, local à época preferido pelos jovens de Várzea Alegre. Já tarde, com o estabelecimento prestes a cerrar as portas, decidiram participar de uma serenata a convite de dois outros rapazes, membros da família conhecida por “Quereno”.

        Lá pelas tantas, à custa de mais uns bons goles, a calorosa noite tornou-se ainda mais animada, com os “Querenos” tocando violão e os demais cantando músicas românticas em frente às residências de moças da cidade. Era alta madrugada quando as jovens e seus pais acordaram incomodados com o pouco afinado canto dos rapazes.

         Não tardou para que a polícia chegasse ao local e repreendesse os perturbadores. Logo após a saída dos policiais, Antônio Ulisses e Valder quiseram findar a serenata, mas os irmãos “Querenos” insistiram em continuá-la. Não deu outra, a polícia voltou e enquadrou os seresteiros pela insistência na perturbação ao sossego e aos ouvidos dos moradores.

         Na delegacia, sem oportunizar defesa, os truculentos policiais trancaram os quatro jovens em uma das celas. Passadas algumas horas, depois de muita insistência, Antônio Ulisses finalmente conseguiu falar com o delegado e, entre outras gaiatices, disse:
         - Doutor, a gente não perturbou ninguém. Era dois sem querer e dois “quereno”.

         Sensibilizado pelo bom humor e espirituosidade do rapaz, a autoridade policial acatou o argumento e mandou soltar imediatamente os quatro jovens cantadores.


* Contribuição de João Válder Saraiva de Carvalho
(imagem Google)

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