sábado, 27 de junho de 2009

50 - QUEM TEM, TEM MEDO




          Por muito tempo seu Lourival Clementino conduziu o único meio de transporte que ligava a pequena Várzea Alegre ao desenvolvido município do Crato. Naquele tempo de péssimas estradas, para chegar à capital do cariri só mesmo como passageiro no caminhão misto de seu Lourival. O filho Pedro Clementino, seguindo o mesmo caminho do correto e responsável pai, herdou a capacidade de dirigir e se tornou um habilidoso e confiável motorista.

           Mas em uma noite de folga do ano de 1966, o jovem e simpático Pedro de Lourival resolveu assistir a um filme de faroeste no cine Odeon de Antão de Pedro Tonheiro, em imóvel situado na antiga Rua Major Joaquim Alves. Tudo corria bem na grande tela quando aconteceu algo inesperado. No momento de um disparo de revólver do filme, Pedro de Lourival sentiu uma forte fisgada em suas costas. Sofrera uma violenta facada e o sangue jorrava sem controle. Ao acender a luz da sala do cinema verificou-se que a agressão não partiu do ator principal nem do vilão do filme, mas de um outro expectador do bang bang, que ainda permanecia com a faca na mão.

           Imediatamente a vítima foi socorrida e encaminhada à recém inaugurada Casa de Saúde São Raimundo Nonato. Já na Delegacia, onde foi levado para os necessários esclarecimentos, o agressor surpreendeu os policiais ao revelar o motivo da violenta atitude. Poucas vezes se viu alguém com tanto medo de ser possuído. É o que se vê das palavras do furioso agressor:

         - Cabo Saraiva, eu furei Pedro de Lourival porque sonhei que ele me comia.


Colaboração: Pedro Clementino, conhecido como Pedro de Lourival.
(imagem Google)

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