domingo, 21 de março de 2010

136 - SAFRA DE CACHORRO




        Temos em nossa família, especialmente no tronco dos Batistas, alguns membros que apresentam certo desligamento, uma indisfarçável leseira. Mas essa característica não significa falta de solidariedade, inteligência, retidão e outras inúmeras qualidades. Era o caso de muitos dos nossos parentes, notadamente do saudoso comerciante e agricultor José Batista de Freitas, conhecido como Jocel.

       Certo dia, na década de setenta, Jocel contratou Pedro Lourival para dirigir seu caminhão e buscar umas cargas de rapaduras no engenho do Mocotó, sítio localizado a cerca de dez quilômetros de Várzea Alegre.

     Já chegando ao destino, um cachorro vira-lata, desacostumado com o trânsito daquela pouco movimentada estrada vicinal, cruzou repentinamente na frente do caminhão. O experiente motorista Pedro Lourival freou bruscamente o velho veículo e ainda tentou desviar do animal. Contudo o violento choque foi inevitável e o cachorro não conseguiu completar os seus latidos tradicionais de dor:

      - Cain, cain, cain...

     Ainda nervoso com o susto, com gotas de suor aparecendo na testa, o motorista olha para o lado e escuta Jocel dizer calmamente:

      - Eita, mas tem....

      - E é Jocel, tem muito cachorro doido por aqui?

      - Nann, é manga. Os pés tão tudo carregado. Vai ser uma safra das grande.



Colaboração: Hudson Batista Rolim, neto de Jocel

(imagem Google)

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