terça-feira, 15 de maio de 2012

600 - SOUZA SOBRINHO E A CERCA




No seu velório,  em Várzea Alegre, Cariri cearense, Francisco Souza Sobrinho,  grande comunicador e produtor cultural, recebeu inúmeras e merecidas homenagens.  Muitas pessoas passaram pela casa do seu pai Maurício, no sítio Varas, para se despedir do simpático e comunicativo poeta popular.

Honrando a memória do radialista Souza Sobrinho, vários amigos e familiares presentes à cerimônia lembraram histórias pitorescas do sertão, semelhantes às narradas com desenvoltura pelo comunicador.

Em certo momento da despedida, o bancário Zé Haroldo lembrou um causo contado pelo vendedor de picolé Macambira, que de certo modo traduz a repentina e inesperada partida do animador cultural Souza Sobrinho. Em uma roda no terreiro da casa das Varas, Ropson Frutuoso Bezerra, Raimundo Souzão, Valdir Bilica, Tibúrcio Bezerra, Cuiú e outros varzealegrenses ouviram atentamente a singela e irônica história recontada por Zé Haroldo.

Certa época, um agricultor  de Várzea Alegre contratou dois trabalhadores para refazer as antigas cercas de arame farpado em volta do seu terreno rural. Os dois amigos acertaram o preço da trabalhosa  tarefa e decidiram iniciar o serviço logo no dia seguinte. No primeiro dia de trabalho derrubaram toda a velha cerca do sítio. No fim da tarde, finalizado o cansativo serviço retornaram para suas casas.

No dia seguinte, um dos trabalhadores chegou cedo ao terreno para retomar o serviço, mas nada de seu amigo aparecer. Já agoniado com a incompreensível demora do companheiro, foi surpreendido com a rápida aproximação do dono do sítio:

- Hômi, tu num tá sabeno o que aconteceu com teu parcêro não? Ele morreu de madrugada...

Interrompendo a informação, o trabalhador, enrolando um enferrujado fio de arame farpado, simplificando a triste e prematura partida do amigo, reclamou:

- Eu num tou acreditano que ele fez isso cum eu não. Deixou essa ruma de cerca pr'eu fazê sozin...


(imagem Google)

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Souza Sobrinho também nos deixou sozinhos com muita cerca para fazer, muito fio de arame para esticar.
      Abraços a você Magnólia.

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