domingo, 27 de outubro de 2013

806 - BAR DE ALBERTO




Com o tempo, alguns estabelecimentos se confundem com a imagem do dono.  Em Várzea Alegre, sertão cearense, ao convidar alguém para  beber na tradicional Casa Zé Augusto, falávamos:

- Bora tomá uma em Alberto...

Alberto era o bar. O bar era Alberto. Ele fazia o lugar acontecer com seu jeito irreverente, suas histórias engraçadas e seu incomparável carisma. Durante décadas, o estabelecimento, que abria e fechava ao som da oração de São Francisco de Assis, na bela voz de Fagner, foi frequentado por várias gerações.

Alberto lidava de uma maneira criativa e excêntrica com as situações mais simples e comuns. Certa noite, tomávamos cerveja no bar quando precisei ir ao banheiro. Como sabia que o mictório era mantido fechado para evitar abusos, passei pelo balcão e pedi a chave. O dono do bar mandou o garçom me entregar cerca de um metro de um tubo em pvc com uma pequena chave amarrada em uma das extremidades. Supresso, perguntei:

- Alberto, diabéisso?

O experiente comerciante, sentado em sua cadeira, antes de dar um largo sorriso, explicou:

- Depois que mandei fazer esse chaveiro num perderam mais a chave do banheiro...

Há alguns dias, Alberto nos largou sem bar. O bar ficou sem Alberto. Ele foi contar suas divertidas histórias em outro plano. Mas nos deixou para sempre embriagados com suas inesquecíveis doses de simpatia e bom humor.

(imagem Google)

2 comentários:

  1. Jorge Amado dizia que quando um grande homem morre surge uma nova estrela no céu. Com certeza se olhássemos para o céu de várzea alegre no dia 27 de outubro uma das estrelas mais brilhantes seria alberto olhando e "mangando" de nós aqui de baixo.

    Paulo Cesar

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