terça-feira, 4 de agosto de 2009

70 - MACARRONADA DE FERREIRO




        Por muito tempo a simplicidade do cearense de Várzea Alegre também se revelou nos seus hábitos alimentares. O cardápio pouco variava, não ia muito além dos tradicionais e apetitosos mungunzá, baião de dois, feijão com pão de milho e pão de arroz.

         Na seca de setenta, depois de arrumar um serviço nas frentes de emergência do governo e por a mão em um raro dinheiro extra, o ferreiro Chico Basil resolveu fazer umas compras na budega de Zé Manga Mucha. Entre os produtos adquiridos levou para casa um pacote de macarrão da marca Pilar para sofisticar e variar um pouco suas refeições.

         Ao chegar, ansioso por saborear a novidade, pediu logo a sua velha e magra mãe, de nome Senhora, que preparasse o macarrão para o almoço. Sem nenhum costume com a massa, dona Senhora, em vez de cozinhar, fritou a novidade com banha de porco em uma panela de barro na trempe* do fogo a lenha.

        Quando Chico recebeu o prato contendo o macarrão, decepcionado, reclamou:

        - Mamãe, eu pidi pra mode fazer foi macarrão, num foi fazer palito de gaiola de passarin não, mamãe. Ta duro que só pedra de calçamento!


*As três pedras sobre as quais se apóia a panela quando levada ao fogo.
Colaboração: Jonas Morais
(imagem Google)

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