sexta-feira, 7 de maio de 2010

166 - ABECEDÁRIO





         Minha avó materna Maria Amélia, antes de se aposentar como professora, alfabetizou muitos estudantes na pequena Várzea Alegre. Mas nenhum dos seus alunos deu tanto trabalho para estudar como seu próprio filho Antônio Ulisses. Embora muito inteligente e perspicaz, o menino apresentava uma enorme preguiça para o aprendizado formal.

        Certa manhã, em casa, como reforço, a professora e mãe, depois de muita paciência e insistência, conseguiu ensinar o alfabeto para o filho. Antônio Ulisses, com indisfarçável indolência, escreveu todas as letras no amassado papel.

        No final da tarefa, chegou à casa da Rua Duque de Caxias, o vizinho e amigo Raimundo Alves de Menezes, conhecido por Mundin do Sapo. Empolgada com o pequeno progresso e desejando motivar o filho, Maria Amélia disse:

       - Mundin, olha como Antônio Ulisses já tá fazendo as letras direitin.

        O sincero e original agricultor, antevendo que o menino seria bem melhor na corretagem de algodão do que nas letras, ao ver os incompreensíveis rabiscos no papel, comentou:

        - Maria Amélia, tá mais parecido com um cacho de fulô.



Colaboração: Maria do Socorro Costa Bezerra


(imagem Google)

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