sábado, 24 de agosto de 2013

787 - RETROVISOR INDISCRETO (Pedra de Clarianã há dois anos)



          Em Várzea Alegre, na década de noventa, no mês de julho, um popular vereador, mesmo casado, convidou uma jovem paquera para irem juntos à Exposição do Crato, uma das maiores e mais animadas festas do interior nordestino. Porém, quando o político iniciava a preparação para a desejada viagem, sua esposa manifestou o desejo de ir ao passeio.

          Para administrar a complicada situação, o edil se socorreu do amigo, correligionário e companheiro de farra Antônio Costa:

          - Antôi, a muié lá de casa quer ir po Crato. Disse a ela que a outa pequena que vou levá é sua namorada.

          Tudo combinado, os quatro seguiram viagem para a Capital Cultural do Ceará. O vereador guiava o carro e a esposa ia ao seu lado. No banco traseiro seguiam Antônio Costa e a bela moça. Mesmo dirigindo, o político não tirava o olho do retrovisor, toda hora piscando para a jovem.

          A viagem iniciou normalmente até que, na altura do sítio Cachoeira Dantas, o atento motorista percebeu que o amigo começara a se aproveitar do momento, exagerando na sua atuação. Fazendo-se passar por carinhoso namorado, Antônio Costa se encostou, lançou o braço sobre o ombro da bonita passageira, e aplicou-lhe ardentes beijos.

         Nessa hora, decepcionado com o comportamento do amigo, o vereador ligou o toca-fitas do veículo e, com seu sotaque cadenciado, sem desviar o olho do retrovisor, passou a reclamar para a esposa:

         - Muié, incumendei essa fita de forró pensano que era dos Brasa*. É outa banda que num sabe nem levá a cantiga em riba do ritmo. Ou coisa danada de rim é o caba ser inganado!!!


* referência aos Brasas do Forró, banda cearense de muito sucesso que surgiu na década de oitenta.

Colaboração: Antônio Alves da Costa Neto

(imagem Google)

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