Em Várzea Alegre, na década de noventa, no mês de julho, um popular
vereador, mesmo casado, convidou uma jovem paquera para irem juntos à Exposição do Crato,
uma das maiores e mais animadas festas do interior nordestino. Porém,
quando o político iniciava a preparação para a desejada viagem, sua
esposa manifestou o desejo de ir ao passeio.
Para administrar a complicada situação, o edil se socorreu do amigo,
correligionário e companheiro de farra Antônio Costa:
- Antôi, a muié lá de casa quer ir po Crato. Disse a ela que a outa pequena que vou levá é sua namorada.
Tudo combinado, os quatro seguiram viagem para a Capital Cultural do Ceará.
O vereador guiava o carro e a esposa ia ao seu lado. No banco traseiro
seguiam Antônio Costa e a bela moça. Mesmo dirigindo, o político não
tirava o olho do retrovisor, toda hora piscando para a jovem.
A viagem iniciou normalmente até que, na altura do sítio Cachoeira
Dantas, o atento motorista percebeu que o amigo começara a se aproveitar
do momento, exagerando na sua atuação. Fazendo-se passar por carinhoso
namorado, Antônio Costa se encostou, lançou o braço sobre o ombro da
bonita passageira, e aplicou-lhe ardentes beijos.
Nessa hora, decepcionado com o comportamento do amigo, o vereador ligou
o toca-fitas do veículo e, com seu sotaque cadenciado, sem desviar o
olho do retrovisor, passou a reclamar para a esposa:
- Muié, incumendei essa fita de forró pensano que era dos Brasa*. É outa banda que num sabe nem levá a cantiga em riba do ritmo. Ou coisa danada de rim é o caba ser inganado!!!
* referência aos Brasas do Forró, banda cearense de muito sucesso que surgiu na década de oitenta.
Colaboração: Antônio Alves da Costa Neto
(imagem Google)
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