sexta-feira, 2 de agosto de 2013

779 - BANHO NA BARBEARIA





O conhecido e bem frequentado estabelecimento de Vicente Cesário, situado no centro da cidade cearense de Várzea Alegre, não era uma barbearia comum. 

Por várias décadas, no prédio situado na antiga Rua Major Joaquim Alves, os fiéis clientes não só cortavam o cabelo e faziam a barba. Alí também era possível beber uma cerveja gelada na interessante companhia do dono do barbearia ou até mesmo tomar um banho no úmido porão do imóvel.

Na segunda metade do século passado, em uma tarde quente de setembro, um rapaz buscou o estabelecimento de Vicente Cesário para tomar um refrescante banho. O barbeiro informou o preço – dois mil cruzeiros, entregou um pedaço de sabão ao cliente e indicou a escada de acesso ao escuro banheiro. 

Minutos depois, o jovem voltou com o cabelo molhado, camisa no ombro e uma cédula de cinco mil cruzeiros na mão, dizendo:

- Seu Vicente, tire aí os dois mil cruzeiro do bãi.

- Você num tem trocado? – perguntou o barbeiro.

- Tenho não, seu Vicente. Me dê o troco? – insistiu, com a mão estendida, o impaciente cliente.

Incomodado com a pressa e desconfiança do rapaz, o velho barbeiro, enquanto colocava a cédula em sua carteira, sugeriu:

- Tou sem dinheiro miúdo. Só tem um jeito. Desça e tome o troco de bãi


Colaboração: Paulo Cesário
(imagem Google)

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