segunda-feira, 10 de março de 2014

843 - ÔNIBUS LOTADO



Em recente passeio, em um dos trechos da longa viagem da amazônia amapaense ao sertão cearense, apanhei um ônibus em Fortaleza e segui até minha querida cidade natal, Várzea Alegre. No percurso de cerca de quatrocentos e cinquenta quilômetros pela estreita e sinuosa estrada do algodão recordei as inúmeras vezes que cruzei o Ceará naquele transporte coletivo. Difícil contar, mas desde a infância, em viagens de férias para a capital alencarina, passando pelo período de estudante morando na capital, até os tempos atuais, foram centenas de viagens.

Desde que me iniciei nesses caminhos, percebo uma razoável melhoria nos ônibus, com ar condicionado, banheiro, água mineral e oferta de cobertores. Porém, para mim, o principal avanço no transporte rodoviário foi o cumprimento da proibição do passageiro em pé. Pode parecer estranho para os mais jovens, mas era permitido o trasporte de passageiros espremidos, em pé, mesmo em trechos de cerca de oito horas de sacolejo, como o nosso. Quem conseguia uma vaga sentado e não tinha o azar de um desses infelizes descansar sentado no braço de sua poltrona viajava com um pouco mais de conforto.

Na década de 1980, em uma dessas demoradas viagens, o velho ônibus seguia lentamente, parando a todo instante, quando, em certo momento, para aumentar o desconforto, alguém flatulou. Um mal cheiro se espalhou no meio dos apertados passageiros. o varzealegrense de apelido João Sem Braço, que viajava em pé, antes de encostar o nariz no ombro, gritou:

- Negrada, Essa foi das braba. Fecha os zói se não cega..

Colaboração: Paulo Danúbio Carvalho Costa
(imagem Google)

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