terça-feira, 13 de outubro de 2009

94 - COMIDA A QUILO




        A maior dificuldade na mesa é manter o equilíbrio entre a qualidade e a quantidade da comida ingerida. Mesmo sabendo que para comer bem não precisa comer muito é difícil se saciar com um simples pratinho de folhas. Em Várzea Alegre, uma boa refeição não dispensa uma grande porção de arroz.

        Meu tio materno Antônio Ulisses sempre foi um bom garfo e transferiu sem reservas o seu voraz apetite para os filhos Antônio Costa e Dirceu. Há alguns anos, Antônio Ulisses viajou a passeio para Fortaleza e levou seus filhos para a concorrida Praia do Futuro. Na beira do poço, na Barraca do conterrâneo Pedro Bó, Antônio Ulisses resolveu variar o cardápio do sertão e pediu uns caranguejos.

        Logo que o garçom serviu a comida, Antônio Costa e Dirceuzin, com o apetite ainda mais aguçado, armaram-se com o pedaço de pau para comer os caranguejos. Porém, desconhecendo a técnica do “toc toc” e pouco acostumados com o prato típico do litoral cearense, os meninos se decepcionaram com a dificuldade de encontrar a pouca carne do crustáceo. O esfomeado Dirceuzin, não tendo outra mistura qualquer para encher o bucho, olhou para o seu pai e, com sua voz rouca, disse:

      - Pai, vai demorar pa nós comer um quilo desse bicho.



* colaboração: Hudson Batista Rolim

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