domingo, 18 de julho de 2010

213 - LEMBRANÇA DE PAPAI




          Alguns antigos e saudáveis hábitos mereciam uma proteção legal contra o cruel processo de extinção. Dentre esses costumes um já provoca enorme falta: a conversa na calçada. Muito motivos, sobretudo a agitada vida moderna e a violência das grandes cidades, já não permitem esse interessante encontro. Felizmente, nas pequenas localidades do interior brasileiro os moradores ainda persistem no agradável momento de confraternização.

          Em um desses preciosos encontros, aguardando as solenidades da Sala de Leitura José Cândido Dias, no simpático distrito de Mangabeira (São José), município cearense de Lavras da Mangabeira, ingressei em uma prazerosa roda de conversa na freqüentada calçada do político Alfredo Lemos. Várias pessoas participaram do animado papo, entre as quais o advogado João Gonçalves de Lemos, os poetas José Telles e Israel Batista, e o meu primo e irmão André Costa Tanaka, também causídico.

        Ali, no divertido bate papo, entre várias histórias, ouvi uma acontecida na época da morte do agricultor Thomaz de Lemos, no final da década de 1950. Segundo os irmãos João e Alfredo Lemos, logo após a morte do pai, os inúmeros filhos se reuniram no distrito lavrense para dividir os bens móveis não inventariados. Doutor Manoel Gonçalves de Lemos, dedicado médico radicado na vizinha Várzea Alegre, olhou para o precioso relógio de parede e disse:

       - Eu queria levar uma coisa que lembrasse papai. Vou ficar com esse relógio. É mesmo que tá vendo ele.

       Maria Gonçalves Lemos, conhecida como Mariquinha, filha e herdeira de Tomaz, também muito espirituosa, de chofre, respondeu:

       - Deca*, pois leve a bengala, parece demais com papai. Ele não se separava dela de jeito nenhum.



*apelido carinhoso do médico Manoel Gonçalves de Lemos (Dr. Lemos).

(imagem Google)

2 comentários:

  1. é foi um dos momentos mais marcante da viagem a mangabeira, pois naquele momento, nós esquecemos os afazeres da vida as preocupações que tinha e temos e nos divertimos pra caramba com os causos e as poesias cômicas de José Telles valeu Flavinho por eternizar neste causo aquele maravilhosa tarde e noite em Mangabeira

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  2. Essa era a tia Mariquinha rsrsrs
    Conhecia essa história como sendo do meu pai (Zuza Lemos) agora sei que ela fez a piada e ele levou a fama kkkkk
    Bjs, Flavio.

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