Em Várzea Alegre, sertão cearense, meu querido tio paterno José Cavalcante Cassundé desenvolve há décadas o comércio de calçados. Nascido em 1940, desde cedo adquiriu o apelido Zé do Norte. Certamente por falar tão alto que sua voz se compara aos estrondos dos conhecidos e assustadores trovões do norte.
Por volta de 1956 iniciou um namoro com Maria Luiza Freitas. Bem diferente de hoje, naquela época os relacionamentos consistiam em tímidas visitas à casa da namorada. Assim, no começo da noite, Zé de Norte se dirigiu à residência de sua pretendente e na sala permaneceu sentado em um banco de madeira.
Depois de mais de uma hora imóvel, sem nada falar, Zé do Norte olhou para a namorada e outras pessoas presentes e, com sua voz retumbante, se despediu:
- Boaaaaaaaa noite.
Para surpresa de todos, ao levantar do banco e dar o primeiro passo, todo desajeitado, Zé do Norte caiu de cara no chão. Antes que dona Ritinha, mãe da namorada, se aproximasse para ajudá-lo, o jovem saiu sem olhar para trás. Pulava igual saci, pois o período imóvel ao lado da namorada causara forte dormência em uma das pernas.
A desastrada queda marcou o fim de um namoro que mal começou. Zé do Norte nunca mais voltou para esquentar o duro banco da casa de sua primeira namorada.
Colaboração: Luiz Cavalcante
(imagem Google)
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