As
animadas debulhas de feijão reuniam com
frequência os pequenos agricultores do sertão nordestino. No começo da noite, moradores da
vizinhança, sentados no chão da calçada da casa, formavam um mutirão para
debulhar o feijão colhido na pequena propriedade. Nesses encontros também
iniciavam-se namoros, surgiam casamentos e se ouviam muitas histórias.
Na
década de sessenta, no município cearense de Várzea Alegre, na boca da noite, várias famílias de
lavradores se reuniram em uma modesta casa do sítio Mari. Era tempo da esperada debulha
de feijão e de boa e agradável prosa.
O
dono da casa recebeu todos com simpatia
e logo mandou servir café, bolo
de caco e outras deliciosas comidas típicas da região. Não deixou de contar
suas exageradas e pouco críveis histórias. Assim que relatava suas vantagens
aos presentes, o agricultor se virava para esposa e perguntava:
- Num foi, muié?
A pobre
senhora, ocupada na debulha e na distribuição das merendas, respondia:
- Hômi, eu num sei disso não...
Lá
pelas nove da noite, quando todos saíram com a promessa de continuar a tarefa
no dia seguinte, o lavrador, fechando as janelas da casa, advertiu a esposa:
- No
dia que eu contar uma história e você num
confirmar, você me paga, muié...
Na
noite seguinte, novamente a calçada encheu de visitantes e continuou a debulha
de feijão. O dono da casa logo começou a narrar uma nova aventura:
- Eu
nunca temi animal brabo. Outo dia botei
cela num burro pela primeira vez. Muntado
no bicho saí em disparada e saltei uma
cerca de doze fii de arame.
Enquanto
as visitas admiraravam mais essa
história, o agricultor, sem tirar o cigarro de fumo da boca, perguntou:
- Num foi, muié?
Mal o
marido fechou a boca, a mulher, com o bule de café na mão, confirmou:
- Ah
se foi! Eu tava era na garupa...
Colaboração: Antônio Alves
da Costa Neto
(imagem Google)
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ResponderExcluirEita muié obediente.... Se estrepou nos fii de arame ..... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk