Meu tio
Paulo Danúbio, no início da década de setenta, mudou-se para Fortaleza, onde
passou a trabalhar e estudar. No entanto, adorava gozar férias e outras
folgas em sua querida cidade natal, Várzea Alegre, invejável costume que mantém
até hoje.
Sempre
que voltava ao acolhedor sertão do cariri,
o varzealegrense alegrava a família com sua agradável presença, e,
principalmente, encantava a meninada com as interessantes histórias que contava.
Todos
os finais de tarde, durante as férias, na sala da minha casa, formava-se uma
enorme roda de crianças em volta do tio Paulo para ouvir as suas empolgantes narrativas. Como ainda não passara pela avassaladora invasão do vídeo-game, da internet e
da televisão, vários meninos eram atraídos pelo lúdico momento, inclusive alguns
vindos de ruas mais distantes. Todos desejavam ouvir as peripécias dos
personagens fabricados pela mente criativa do simpático e irreverente contador
de histórias.
Mas
nem sempre a programação iniciava no horário marcado. Em alguns dias, tio Paulo
se metia pelos bares da pequena cidade cearense e, por força do álcool, esquecia momentaneamente o seu fiel e pontual público infantil.
Felizmente
a ansiedade do garotos durava pouco e findava completamente quando tio Paulo apontava
na esquina da entrada do Beco da Liberdade, apelido carinhoso da minha pequena
e estreita viela. Com a chegada, a meninada se reunia a sua volta e meu tio retomava
a narração da história. Para ganhar tempo, recuperando na memória o final do
capítulo anterior e buscando criar os novos passos do protagonista, ele
enrolava:
- João Passo Babão muntou no cavalo, rumou
pela estrada...
Como
um bom sonoplasta, reproduzindo os sons da ação, Paulo Danúbio engabelava os
atentos garotos até retomar a narrativa:
- E João Passo Babão continuou o galope no
seu cavalo: pocotó, pocotó, pocotó,
pocotó, pocotó, pocotó, pocotó pocotó, pocotó, pocotó ...
(imagem Google)
E haja paciência da molecada, rsrs. Vc tem uma familia mt interessante. abç
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