sexta-feira, 17 de julho de 2009

57 - XERIFE DO SERTÃO






          Meu avô materno Antônio Alves Costa, em meados do século passado, foi nomeado Delegado de Polícia na pacata Várzea Alegre. Naquela época, não se exigia o bacharelado em direito como requisito para o provimento do importante cargo.

           Nada se passava na cidade sem o conhecimento prévio do pequeno destacamento policial. Contudo, as principais questões levadas à autoridade se limitavam a raptos de moças, conflitos de vizinhanças, cobranças de dívida e outras pequenas querelas.

          Certo dia, um nômade vendedor, vindo de longe, sem qualquer referência no local, solicitou uma conversa reservada com o Delegado e foi logo dizendo:

         - Seu Antônio, eu vim pedir sua proteção para vender meus produtos nesta cidade.

          O Delegado, conhecido por seu bom senso e rigorosos princípios morais, com sua voz rouca, logo respondeu:

          - Pode levar seu comércio tranqüilo. Fazendo as coisas direito o senhor não terá nenhum problema.

         Sem esconder a decepção, o estranho vendedor replicou:

        - Ora Seu Delegado, se fosse pra fazer as coisas direito eu não vinha pedir a autorização do Senhor.


Colaboração: André Costa Tanaka

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